“Vim para esta terra sem nada e daqui sairei sem nada, a não ser a memória do bem que nela procurei fazer” disse o sacerdote
A proposta tinha sido apresentada pela Junta de Freguesia da Mexilhoeira Grande e foi aprovada por unanimidade em reunião da Câmara de Portimão.
A atribuição do nome do pároco da Mexilhoeira Grande à então rua C do Bairro do Figueiral Velho daquela freguesia foi feita no passado dia 4 de outubro, precisamente quando o padre Domingos Monteiro da Costa completou 48 anos da sua chegada àquela paróquia.
Na cerimónia que decorreu no adro da igreja paroquial, junto à rua em causa, o vice-presidente da Câmara de Portimão considerou que a unânime aprovação da proposta da atribuição toponímica manifestou “o reconhecimento de todos os que foram eleitos pelo povo” pela justiça daquela homenagem. “Devemos reconhecer as pessoas em vida e não quando elas morrem”, considerou Álvaro Bila, realçando “todo o bem” que o sacerdote jesuíta tem “feito para o povo” daquela terra e para “muita gente de Portimão que vem também para a Mexilhoeira Grande”.



“Acho que chegou a hora certa de o homenagearmos. Obrigado por tudo o que tem contribuído para este povo, por tudo o que tem ajudado, mas acima de tudo, obrigado pela sua frontalidade”, concluiu.


Já o presidente da Junta de Freguesia destacou o homenageado como “uma pessoa que sempre se preocupou com os pobres e com a evangelização”. José Vitorino Nunes considerou a homenagem “um reconhecimento, se calhar tardio, pelo trabalho” que o pároco ali tem feito e que disse ser “reconhecido por toda a gente”.



O próprio padre Domingos da Costa — não obstante garantir que nunca pensou que o seu nome ficasse atribuído a uma rua daquela localidade e que se alegra por ser a do Lar de Idosos — considerou que “fica muito bem” à freguesia e aos seus habitantes “reconhecer o bem que se faz, venha ele de onde vier”. “Há, felizmente, muita coisa boa que se faz nesta terra”, garantiu, acrescentando: “vim para esta terra sem nada e daqui sairei sem nada, a não ser a memória do bem que nela procurei fazer ajudado pelo bem praticado por outros, graças ao que me deviam fazer a mim a bem dos pobres”.

“Dada a teimosia das instituições civis e políticas da freguesia, concretamente da Junta de Freguesia e da Câmara de Portimão, decidi aceitar com humildade esta homenagem porque, como diz Jesus Cristo, «não se poder esconder uma cidade construída num monte, nem se acender uma candeia para a colocar debaixo da cama, mas em cima do candelabro para alumiar todos os que estão em casa». Aceito esta homenagem como uma homenagem a toda a freguesia, à Companhia de Jesus, à minha família e ao povo da minha terra natal pelo que de bom foi feito nesta terra de onde, na altura, ninguém, nem os cristãos, nem a diocese queriam crer que dela viesse algo de bom”, explicou.

“Para aqueles que possam estranhar, hoje, a atribuição do nome de um padre a uma rua” naquela freguesia, o homenageado apontou outras duas ruas da Mexilhoeira Grande com nomes de padres: a Rua Padre João Telo, que nasceu na Mexilhoeira Grande por volta do ano 1650, e o Largo Dâmaso Rocha, padre natural de Estômbar, que disse ter sido “um dos párocos que mais tempo parou” na freguesia, concretamente de julho de 1883 a julho de 1905, e cuja indicação de que era sacerdote disse ter sido removida da placa toponímica por influência da turbulência social causada pela implantação da República.


A cerimónia contou com a participação dos restantes membros da comunidade jesuíta do Algarve, os padres Gonçalo Machado, Rui Fernandes, Vítor Lamosa Pereira, e do padre António Ary, em representação do padre provincial dos jesuítas. O superior da comunidade algarvia dos jesuítas agradeceu o seu testemunho. “Este senhor é o exemplo vivo de fé, de caridade e de esperança de quem se atira à prática do Evangelho sem recuar. Obrigado pelo seu exemplo”, afirmou o padre Vítor Lamosa.


Depois das alocuções seguiu-se a bênção da rua, o descerramento da placa com a inscrição “Rua Padre Domingos Monteiro da Costa, pároco jesuíta” e um beberete.


O padre Domingos Monteiro da Costa é responsável pela construção e desenvolvimento da igreja da Figueira, da Aldeia de S. José, do Lar de Idosos, do Jardim Infantil, do Centro Cívico da Pereira, do Centro Pastoral Paul Roth e da extensão de Saúde da Mexilhoeira Grande.

