A todos os presentes, incluindo ao novo sacerdote e a todos os outros que se associaram não só da Diocese do Algarve, mas também de Évora e até de Cabo Verde — uns por terem sido seus colegas e outros seus formadores — o bispo do Algarve alertou ontem na Eucaristia da ordenação sacerdotal sobre “uma vida cristã, e mesmo presbiteral, insípida e estéril”, citando o Papa Francisco na sua exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A Alegria do Evangelho).

Ordenacao_sacerdotal_getulio_bica11
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Com base naquele documento, D. Manuel Quintas advertiu para “uma preocupação exagerada pelos espaços pessoais de autonomia e relaxamento, que leva a viver os próprios deveres como mero apêndice da vida, como se não fizessem parte da própria identidade cristã” e para uma vida espiritual que se confunde “com alguns momentos religiosos que proporcionam algum alívio, mas não favorecem o encontro com os outros, não fomentam o compromisso no mundo, não alimentam a paixão pela evangelização”, para “uma acentuada tendência para o individualismo, uma crise de identidade e um declínio do fervor”.

Na Eucaristia a que presidiu na Sé de Faro, o responsável católico alertou assim para um “modo privado” de ser cristão de muitos que “temem que alguém os convide a realizar alguma tarefa apostólica e procuram fugir de qualquer compromisso” e para o risco de deixar de “dar uma resposta alegre ao amor de Deus”, “podendo cair numa negligência paralisadora”.

Ordenacao_sacerdotal_getulio_bica67
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por outro lado, o bispo do Algarve referiu-se ao risco de um ativismo sem conteúdo. “O problema não está no excesso de atividades, mas sobretudo em atividades realizadas sem as motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável e fecunda. Não se trata de uma fadiga feliz, mas tensa, desagradável, ansiosa e, em definitivo, não assumida”, citando a mesma exortação do Papa.

D. Manuel Quintas deu “graças ao Senhor” pelo “sim” dos padres do Algarve “e por todos os «sins» diários, silenciosos, totais, como expressão da doação plena” da sua vida a Cristo e à Igreja algarvia.