No dia de ontem, em que a Igreja celebrou a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, o bispo do Algarve pediu aos cristãos para deixarem que seja a mãe de Jesus a conduzi-los ao seu encontro porque “é esse objetivo do caminho do Advento” que a Igreja está a viver.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Cristo vem ao nosso encontro. Acolhê-lo no nosso coração, na nossa vida para que Ele nos transforme por dentro, dê conteúdo e sentido à nossa vida, é este o sentido desta festa”, afirmou D. Manuel Quintas na Eucaristia a que presidiu ontem à noite na Sé de Faro.

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“Deixemos que seja Maria a conduzir-nos ao encontro de Cristo, com a certeza de que ela não nos deixará desviar. Quem é que não se deixa conduzir pela própria mãe? Sabemos que quando somos conduzidos pela mãe, que nos leva pela mão e até ao colo se precisarmos, estamos seguros, vamos pelo caminho certo e atingiremos o fim que pretendemos”, pediu, acrescentando: “celebrar a Imaculada Conceição em tempo de Advento é, sobretudo, acolher para a nossa vida o testemunho que ela nos dá de seguimento e obediência à palavra que lhe foi dirigida”.

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Em contraste à “obediência de Maria”, o bispo diocesano evidenciou a “desobediência de Eva”. “Quando queremos caminhar por conta própria, contrariar o projeto de Deus para nós que, como Pai, quer sempre o melhor, sabemos qual é o resultado em Adão e Eva: vida vazia, sem valores, sem sentido, sem nexo, sem orientação porque queremos caminhar por conta própria, sem referências, sem Deus, sem os outros”, comparou.

O bispo do Algarve lembrou o significado daquela solenidade, explicando que a Virgem Maria, “porque escolhida para ser a mãe de Jesus, foi, já antecipando e usufruindo da redenção do seu filho, preservada do pecado original”. “Deus quis que Jesus nascesse da Virgem Maria, totalmente imaculada desde a sua conceição. É um privilégio”, realçou, lembrando que “a Igreja levou muito tempo a reconhecer este dom de Deus a Maria”, mas “o povo de Deus foi celebrando”.

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D. Manuel Quintas evidenciou a estreita ligação daquele título mariano à história de Portugal. “Invocamos a Imaculada Conceição como nossa padroeira de Portugal, como nossa mãe, nossa rainha, sobretudo, a partir da coroação de D. João IV em 1646 em Vila Viçosa”, recordou, acrescentando que “só dois séculos mais tarde, depois da coroação, em Vila Viçosa, é que o Papa definiu este dogma da Imaculada Conceição”. “Mas já antes, sobretudo pela ação dos nossos irmãos franciscanos, o povo de Deus celebrava, venerava e evocava a Virgem Maria na sua Imaculada Conceição”, destacou.

O responsável católico evidenciou que esta devoção está bem refletida no Algarve com as 12 paróquias que têm a Imaculada Conceição como sua padroeira. “E não só as paróquias, também as próprias freguesias. Estes nomes devem-se exatamente à devoção do povo, ao ponto de assumir como identificação sua o nome da Imaculada Conceição”, explicou.

A Eucaristia contou ainda com um numeroso grupo de casais das Equipas de Nossa Senhora de Faro, Loulé, Quarteira e Tavira que esteve reunido em Faro e outro do Movimento dos Focolares que naquela celebração festejou o 80º aniversário da sua fundação, ocorrido na véspera. O bispo do Algarve manifestou o seu “louvor a Deus” pelo “dom” da fundadora, Chiara Lubich, e do “carisma” do próprio Movimento dos Focolares, que disse enriquecer toda a Igreja e também a Igreja diocesana algarvia. Fazendo eco das palavras que o Papa dirigiu em audiência aos membros daquele movimento no dia do 80º aniversário, exortou-os a serem “testemunhas e construtores da paz e do amor” de Cristo. No final da Eucaristia, os membros do movimento partiram um bolo de aniversário.

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Sobre as Equipas de Nossa Senhora lembrou ser um “movimento de espiritualidade conjugal, nascido na França em 1938, cujo objetivo é ajudar os casais a viver plenamente o sacramento do Matrimónio, anunciando ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra e pelo testemunho de vida”. “São uma escola de formação para os casais cristãos, unidos pelo sacramento do Matrimónio. Este movimento oferece ume espiritualidade que nos ajuda a crescer no amor conjugal e, sobretudo, a apoiarem-se mutuamente para ultrapassarem as dificuldades. Apesar de não serem um movimento mariano, revêm-se numa espiritualidade de Nossa Senhora e invocam a sua proteção para a sua família”, afirmou.