O bispo do Algarve escreveu hoje uma nota pastoral à diocese na qual manifesta o desejo de que a relíquia de São Vicente, que será trazida no próximo domingo para a catedral de Faro, possa proporcionar a todos e às comunidades “um renovado impulso missionário”, levando a acolher o seu testemunho e apelo “a amar até ao fim, no seguimento de Cristo na sua doação plena ao Pai e a todos”.
D. Manuel Quintas explica que o acolhimento da relíquia do padroeiro da diocese algarvia comum ao Patriarcado de Lisboa — partilhada pelo Cabido da Sé Patriarcal daquela diocese “em sinal de comunhão fraterna” com o Algarve, e a proximidade da celebração litúrgica de São Vicente a 22 deste mês — proporciona a oportunidade de se dirigir a todos com o propósito de “recordar alguns aspetos da sua vida” e “indicar alguns apelos” inspirados no diácono martirizado no século IV.
Relatando a história do patrono das Igrejas algarvia e lisboeta, D. Manuel Quintas realça que “nada, nem ninguém conseguiu desviá-lo da sua firme convicção, apesar das muitas tentativas do governador” romano. “Vicente testemunhou com o seu martírio a firmeza da sua fé em Cristo e do seu amor à Igreja”, escreve, constatando que “o martírio do Diácono Vicente contribuiu para o fortalecimento e a maturidade da fé na Igreja e nas comunidades do sul da Península Hispânica”. “S. Vicente testemunhou com a sua vida, e mais ainda com o seu martírio, a convicção profunda de Paulo a respeito daqueles que, no seu tempo e em todos os tempos, não se atemorizavam nem cediam perante os sofrimentos enfrentados por causa de Cristo e do Evangelho”, prossegue.
O bispo do Algarve refere que “Cristo foi o verdadeiro vencedor em Vicente”. “Vencedor tanto na vida, pela sua diaconia, como no martírio e inclusive após a sua morte, pois o governador tudo fez para se ver livre do seu corpo, não o tendo conseguido”, especifica, acrescentado ter sido “recolhido e venerado pelos cristãos de Valência, contribuindo para o fortalecimento da sua fé ao longo dos séculos seguintes”.
D. Manuel Quintas refere que “em S. Vicente confirmou-se o dito de Tertuliano (séc. II), sangue de mártires, semente de cristãos, como constatação de que o martírio a que foram sujeitos tantos cristãos, provocou em muitos outros o seguimento de Cristo”.
O responsável católico lembra que “esta íntima ligação de S. Vicente ao crescimento da Igreja no Algarve, levou o Bispo D. Francisco Gomes de Avelar, por rescrito da Sagrada Congregação dos Ritos de 13 de fevereiro de 1794, a proclamar S. Vicente, como padroeiro principal da nossa Diocese”.
D. Manuel Quintas refere que “o martírio do Diácono Vicente foi semente lançada à terra na Igreja de Saragoça e de Valência, que depressa germinou e frutificou em todo o sul da Península”. “Como Igreja diocesana do Algarve, sentimo-nos herdeiros do seu testemunho e do seu decisivo contributo para o fortalecimento da fé de quantos aqui, marcados pelo seu exemplo, a viveram, a celebraram e a foram transmitindo através das gerações”, salienta, acrescentando que a diocese pretende “conhecer a sua vida e o seu testemunho como diácono e mártir”, para “melhor o venerar”, “mais assiduamente” invocar a sua proteção sobre a Igreja diocesana e cada uma das suas comunidades, e “mais esclarecidamente” seguir e imitar a “heroicidade do seu testemunho de fé”.
“Queremos aprender com S. Vicente o serviço da diaconia, caraterística que define a identidade da Igreja, de cada ministro ordenado e de cada cristão”, acrescenta, desejando que “a palma do martírio de S. Vicente continue, com a sua intercessão, viçosa e verdejante no coração dos cristãos algarvios e seja sinal da vitalidade da fé” que os “inspira e anima no testemunho de Cristo”.
No próximo domingo, 21 de agosto, uma representação da Diocese do Algarve, presidida pelo bispo do Algarve, irá em peregrinação ao Patriarcado de Lisboa buscar parte das relíquias pedidas de São Vicente. D. Manuel Quintas tinha anunciado no passado mês de novembro que a diocese algarvia tinha pedido ao Patriarcado de Lisboa a cedência de parte das relíquias do diácono e mártir e que as duas entidades tinham chegado a um entendimento que disse ser também “sinal de comunhão eclesial”.
Diocese do Algarve peregrina a Lisboa para trazer parte das relíquias do padroeiro S. Vicente