Participada por multidão, celebração presidida pelo bispo do Algarve teve início na igreja matriz de Faro e terminou na Sé
O bispo do Algarve presidiu este domingo em Faro à celebração de abertura do Jubileu 2025 na diocese que teve início na igreja matriz de São Pedro e terminou na catedral diocesana com a maior enchente a que aquela Sé assistiu nas últimas décadas.


A celebração, iniciada à tarde e que terminou já ao início da noite, foi marcada pela exortação de D. Manuel Quintas à multidão, oriunda de todas as paróquias algarvias. “O mundo de hoje tem necessidade da luz da esperança, particularmente onde as trevas parecem obscurecer a vida e destruir os sonhos. Assumamo-nos como semeadores de esperança, como portadores da luz que nos trouxe Cristo ressuscitado, mais forte do que toda a espécie de mal”, pediu na homilia que proferiu na Sé de Faro.


O bispo diocesano desejou que o Ano Santo possa “constituir para todos um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, verdadeira «porta» de salvação” “que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos”.


“Não adianta abrir a porta da nossa catedral se a «porta» do nosso coração continuar fechada à força renovadora do Espírito”, alertou ainda.


Aludindo também ao Programa Pastoral da diocese algarvia, D. Manuel Quintas considerou que “viver e agir «Alegres na Esperança», é a redescoberta” que as comunidades algarvias são “chamadas a fazer neste contínuo caminho de renovação”. “Estou certo de que o caminho interior a que o Jubileu nos convida, se o percorrermos com a coragem pedida, facilitará inclusivamente a aplicação do documento final do último Sínodo”, acrescentou.


O bispo do Algarve lembrou que o Jubileu é “um tempo de graça e de renovação pessoal e eclesial”. “Uma oportunidade para revitalizarmos a nossa fé e a nossa missão como Igreja no Algarve e, acima de tudo, mergulharmos na essência da esperança cristã, como um dos pilares da nossa vida espiritual e do nosso testemunho como discípulos de Cristo”, sustentou.


Logo na igreja de São Pedro, D. Manuel Quintas lembrou que também “a peregrinação constitui um elemento fundamental do jubileu”. “Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura de um sentido maior para a sua vida. A peregrinação favorece a redescoberta do valor do silêncio, do esforço e também da essencialidade, daquilo que verdadeiramente é importante e conta para a nossa vida”, esclareceu nos ritos iniciais da celebração que ali tiveram lugar.


Após a leitura de alguns parágrafos da bula papal de proclamação do Jubileu, iniciou-se então a peregrinação até à catedral que pretendeu ser sinal e estímulo da interior que cada crente é chamado a fazer durante o Ano Santo. Por algumas das principais ruas da baixa da capital algarvia, a multidão seguiu até ao Jardim Manuel Bívar e encaminhou-se para o largo da Sé, entrando pela Porta do Mar, devido às obras em curso no Arco da Vila.


Chegado à escadaria da catedral, o bispo diocesano, no limiar do portão da entrada exterior, tomou a cruz que foi levada no cortejo, ergueu-a de frente para a multidão, convidando-a a venerá-la com a mesma aclamação feita na celebração da Paixão do Senhor em dia de Sexta-feira Santa: “Eis o madeiro da cruz, no qual esteve suspenso, o Salvador do mundo”.

Após a entrada de todos na catedral, a celebração prosseguiu com o rito de memória do batismo. Na pia batismal, D. Manuel Quintas realizou a bênção da água com a qual aspergiu a multidão, seguindo depois para o presbitério, onde foi entronizada a cruz que ali permanecerá até ao fim do Ano Jubilar.

O bispo do Algarve começou por manifestar a sua “comoção”. “Não apenas pelo número que representais, mas também pela diversidade da vossa proveniência”, justificou, fazendo também “uma referência aos muitos jovens” presentes. “Olhando para vós e para a importância que tendes na nossa Igreja diocesana, é muito bom ter-vos aqui”, disse-lhes D. Manuel Quintas.
O bispo do Algarve confessou ter segredado ao vigário da pastoral a admiração pela participação registada. “Nunca me lembro de ver a nossa catedral tão cheia nos já muitos anos que estou aqui no Algarve. É possível que esta seja uma presença mais expressiva e significativa da Igreja que somos. Por isso, desde já o meu obrigado por terdes correspondido ao apelo que os vossos párocos vos lançaram. Isso é um bom sinal que nos motiva a todos – a começar por mim – a prosseguirmos nesta peregrinação a que o Papa nos convida neste Ano Jubilar de 2025”, afirmou.

D. Manuel Quintas lembrou que celebrar o Jubileu “deve significar para todos e cada um” assumir-se “verdadeiramente como peregrinos”. “Peregrinos que buscam constantemente a esperança, apesar das dificuldades; peregrinos que procuram um amor que une e transforma; peregrinos duma esperança que não se confunde com uma espécie de consolação e o desejo da chegada de «tempos melhores»”, especificou, referindo-se à esperança fundamentada em Jesus.
“A esperança mantém-nos vivos. Não permite que vivamos marcados pelo desânimo, envolvidos pela desilusão, prostrados pelas forças da morte”, realçou, explicando que “a verdadeira esperança apoia-se na fé”.

A Eucaristia foi concelebrada também pelos bispos D. António Carrilho, bispo emérito do Funchal, natural do Algarve, e D. Manuel António dos Santos, bispo emérito de São Tomé e Príncipe, a colaborar com a Diocese do Algarve, assim como pela quase totalidade de sacerdotes algarvios e de outros que, não sendo naturais da região, estão cá a trabalhar. Contou ainda com o serviço dos diáconos da diocese algarvia.
Na Missa da Noite do Natal, o Papa assinalou, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, o início do 27.º Jubileu ordinário da Igreja Católica, dedicado ao tema da esperança. As dioceses católicas de Portugal assinalaram este domingo, em todas as catedrais, o início do Jubileu 2025, centrado na temática da esperança, conforme estipulado pelo Papa. Na bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), Francisco determinou que, no dia 29 de dezembro de 2024, os bispos diocesanos celebrassem a Missa como abertura solene do ano jubilar, segundo o ritual preparado para esta celebração.
com Mais Algarve