“A situação está a ser acompanhada”, confirmou a fonte, que se escusou a dar mais pormenores sobre situações concretas argumentando que isso poderia “influenciar negativamente a averiguação” que está a decorrer.

Em causa está a contratação de trabalhadores para a empresa de handling Portway no aeroporto de Faro, realizada através da empresa de trabalho temporário Adecco, que faz os candidatos pagarem 350 euros para terem acesso à formação para o posto de trabalho.

Um dos trabalhadores que concorreu à oferta da Adecco contou à Lusa que enviou um email a candidatar-se numa quinta-feira, teve uma entrevista na sexta e na segunda iniciou logo a formação de "cinco dias úteis, das 07:00 às 14:00, mais dois dias de complemento teórico".

"Depois são 12 dias de ‘training on job’ [treino a trabalhar] sem receber e, antes de entrar, tivemos de transferir 50 euros para a conta da Portway e vão ser-nos descontados 100 euros dos primeiros três vencimentos", explicou esta fonte, frisando que só depois assinam um contrato de um mês.

Organizações de trabalhadores e sindicatos relacionaram esta contração de trabalhadores para a Portway com o despedimento coletivo de 360 trabalhadores da Groundforce no aeroporto de Faro.

Em declarações à Lusa, Armando Costa, da Comissão de Trabalhadores da Groundforce, disse que a contratação por parte da empresa de trabalho temporário Adecco para a Portway demonstra que "afinal é uma falsa questão dizer que a Groundforce fechava a escala de Faro devido à falta de clientes".

Para este membro da Comissão de Trabalhadores, está em causa "retirar direitos e baixar salários aos trabalhadores, dando dinheiro às empresas de trabalho temporário".

André Teves, do Sindicato dos Trabalhadores de Handling de Aeroporto (STHA), também disse à Lusa que "é óbvio que está ligado o despedimento coletivo com essa contratação que a Adecco está a fazer para a Portway", apesar de reconhecer que a "proporcionalidade não é a mesma", porque vão ser preenchidas 20 vagas e foram despedidos 360 trabalhadores da Groundforce.

"Prova que não era preciso encerrar nem fazer esse despedimento coletivo", afirmou, acrescentando que "só pela não intervenção política se chegou a este ponto".

Lusa