
A administração do Grupo EVA assegurou hoje que as suas empresas de transporte rodoviário de passageiros cumprem os contratos coletivos de trabalho do setor, refutando os argumentos dos sindicatos para justificar a greve convocada para quinta-feira e hoje no grupo.
Os trabalhadores da empresa Próximo, Translagos e Frota Azul, pertencentes ao Grupo EVA, cumprem hoje o segundo dia de greve para pedir melhores salários e igualdade salarial entre funcionários com o mesmo serviço, num protesto que o dirigente sindical Paulo Silva qualificou como “inédito” e considerou representar já “uma vitória dos trabalhadores, que até nunca tinham feito uma paralisação deste género no Algarve”.
A greve começou na quinta-feira, dia em que cerca de uma centena de trabalhadores de empresas do grupo se concentrou em frente à gare de Faro para pedir melhores salários e igualdade entre profissionais com o mesmo serviço, numa ação convocada pelo Sindicato de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP).
Paulo Silva, coordenador do STRUP no Algarve, apontou para “uma adesão próxima dos 50%” e explicou que os trabalhadores destas empresas fazem o mesmo serviço que os da EVA Transportes, a outra empresa do grupo algarvio, na qual existe um Acordo de Empresa e os trabalhadores são pagos “um pouco melhor do que os colegas”.
Em causa estão “cerca de 200 trabalhadores” das empresas do Grupo EVA – pertencente, por sua vez, ao Grupo Barraqueiro – que deram “um passo corajoso”, aderindo a uma greve num setor onde habitualmente a “contestação laboral era praticamente inexistente”, destacou o dirigente sindical, criticando os vencimentos de “538 euros por mês” pago aos motoristas.
A agência Lusa obteve hoje uma reação da administração do Grupo EVA às queixas dos trabalhadores e dos sindicatos, numa resposta escrita enviada pelo administrador Carlos Osório Gomes, que afirmou estarem a ser cumpridas na empresa as regras estabelecidas no setor.
“No que diz respeito aos salários, importa referir que as nossas empresas praticam os valores constantes do Contrato Coletivo de Trabalho do nosso setor, celebrado entre a ANTROP – associação que representa as empresas de transporte – e os sindicatos que representam os trabalhadores do setor, entre os quais o sindicato que decretou a greve”, alegou Osório Gomes.
A mesma fonte frisou que, em março passado, as empresas do Grupo EVA viram os salários “atualizados em 2%, superando o acordo firmado entre a ANTROP e os referidos sindicatos, que foi de apenas 1,5%”.
“Os salários praticados são, assim, superiores aos que foram acordados pelos sindicatos, entre os quais o que decretou a greve”, considerou.
O administrador do grupo de transportes do Algarve rejeitou ainda as críticas feitas pelo sindicato sobre incumprimento de horários de descanso e a existência de pressões ou condicionamentos na atividade sindical dentro das suas empresas, que “convivem com a realidade sindical há mais de quarenta anos” e têm “um relacionamento institucional saudável com os representantes dos trabalhadores”.
Osório Gomes manifestou ainda estranheza por o sindicato que convocou a greve ter acusado o Grupo EVA de falta de diálogo, “sem ter solicitado qualquer reunião ou negociação” à administração.