"Já falei com os trabalhadores e dei-lhes a garantia de que os salários em atraso vão ser pagos, faseadamente, com as receitas do verão", disse ontem à agência Lusa Paulo Duarte, administrador do Hotel Montechoro.
O Sindicato de Hotelaria do Algarve anunciou hoje uma greve de cinco dias, com início a 18 de julho, dos cerca de 50 trabalhadores do quadro daquela unidade hoteleira, para reclamarem o pagamento de oito meses de salários em atraso.
"Com a receita, se conseguir pagar cerca de 300 euros todas as semanas, pago-lhes por mês cerca de dois meses de ordenados", observou o administrador da unidade hoteleira.
Paulo Duarte disse que se comprometeu perante os trabalhadores a efetuar o pagamento faseado das verbas em dívida "ou até na totalidade, assim que estiver concluída a transação de um imóvel".
"Aguardo que o negócio fique concluído nas próximas horas", observou.
De acordo com o administrador do hotel, o atraso no pagamento dos salários "não é uma situação nova". Em 2012, "sucedeu o mesmo, tendo o atraso chegado aos sete meses".
"Isto está a tornar-se cíclico. No ano passado, conseguimos pagar os [salários] atrasados com receitas que obtivemos no verão e com a venda de veículos e outros ativos da empresa", destacou o responsável.
Paulo Duarte reconheceu que a "situação é muito incómoda e causa grandes transtornos aos trabalhadores", atribuindo "a difícil situação económica da empresa à crise que tem afetado o país".
"Só tenho que agradecer aos trabalhadores, que continuam a lutar pela empresa, a compreensão e o esforço que têm feito para suportar todas estas situações", destacou Paulo Duarte, lamentando que a unidade hoteleira "tenha perdido 61 trabalhadores desde 2012".
"As receitas turísticas do hotel diminuíram drasticamente e perdemos o suporte financeiro que tínhamos com os apartamentos, o que motivou que entrássemos em desequilíbrio financeiro", indicou.
Paulo Duarte recordou que o Hotel Montechoro, de quatro estrelas, chegou a ser uma referência do Algarve, com um quadro de cerca de 500 profissionais no ano 2000.
Construído em 1978, o hotel foi palco do assassinato de Assam Sartawi, dirigente palestiniano e conselheiro de Yasser Arafat, em 10 de abril de 1983, no decorrer de um congresso da Internacional Socialista.
Fundador da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Assam Sartawi foi assassinado por um comando extremista palestiniano da organização Abu Nidal, que foi detido pela polícia portuguesa e sentenciado com uma pena de três anos de prisão, tendo sido libertado a meio da pena por bom comportamento.
Lusa