Madalena Lança, diretora de vendas da ‘APA Imobiliária’, afirma, em exclusivo ao ‘FOLHA DO DOMINGO’, que a “grande dificuldade que se tem sentido prende-se sobretudo com a obtenção de crédito à habitação junto da Banca, que está muito mais "dura" com o perfil de cliente a quem concede o crédito à habitação. O nosso mercado alvo é um mercado que tem que recorrer à banca para obtenção total ou parcial de crédito para compra de casa, então naturalmente, temos sentido mais dificuldade em realizar vendas.”

A entrega das casas às instituições financeiras parece ser a única saída para muitos portugueses. Helder Bação, da agência ‘Janela Imobiliária’ em Faro, é apologista de que “as dificuldades financeiras por vezes não obrigam à venda da casa (…) porque houve um decréscimo no valor comercial. Vender agora não se pode considerar um bom negócio, mas sim comprar”. “Pensamos mais na venda da casa por motivo de divórcio ou pela mobilidade (…) a nível profissional”, conclui. Madalena Lança acrescenta que “há também famílias que pretendem realizar capital para liquidar despesas e ficar com uma condição económica mais aliviada”.

Joel Gonçalves, diretor comercial da agência ‘ERA’ em Faro, advoga que os portugueses optam pelo arrendamento: “a percentagem de imóveis para arrendar não é superior à que está para venda, há é mais procura para arrendar do que para comprar.”

Contrariamente, a diretora de vendas da ‘APA Imobiliária’ explica que como “os valores praticados pelos arrendamentos é elevado, os Clientes continuam a preferir tentar uma compra de Imóvel a viver em casa arrendada. Só pensam efetivamente em arrendar quando não conseguem mesmo realizar a compra.”

Joel Gonçalves refere, ainda, que as casas resultantes do processo de hipoteca bancária são “uma boa parte do processo, mas não são o foco das agências imobiliárias”, que “trabalham essencialmente com o cliente, com a família comum que acaba por querem vender [os imóveis]. Os clientes não conseguem pagar ao banco, o que acaba por baixar o valor de mercado.”

Não obstante, as agências imobiliárias mostram-se otimistas acreditando que melhores tempos virão: “isto é cíclico. (…) Tem altos e tem baixos, esteve num pico muito alto, neste momento tem um número de vendas inferior e depois começa a subir novamente e a rentabilizar a área imobiliária”, diz Helder Bação.

Madalena Lança manifesta uma visão positiva relativamente aos efeitos da crise no setor: “As boas notícias da "crise" é que os preços dos Imóveis baixaram. Assim, nesta altura os preços dos Imóveis estão muito mais apetecíveis, (…) contudo, a obtenção de dinheiro está mais cara.”

O que é certo é que a diminuição da procura de casas provoca insolvência e gera desemprego, situação que parece não ter fim à vista.

Rúben Oliveira com Liliana Lourencinho