"Apesar da ampla prova produzida, as provas não falam a favor de um crime praticado pelo meu constituinte e, por isso, ele deve ser absolvido", disse o advogado de defesa, Sascha Petzold, nas alegações finais.

Gunnar Dorries, 44 anos, é acusado de homício da namorada angolana, Georgina Zito, de 30 anos, e da filha de ambos, Alexandra Zito, de ano e meio, em julho de 2010, numa praia perto de Lagos.

O Ministério Público de Munique deu o crime de duplo homicídio agravado como provado, exigindo que ele seja condenado a prisão perpétua, o que na Alemanha corresponde a um mínimo de 15 anos de prisão, que podem ser prorrogados sucessivamente.

Segundo a procuradora pública Elisabeth Ehrl, o arguido não queria pagar pensão de alimentos à namorada e à filha, e escondeu esta relação perante a mulher, com quem vivia em Munique.

A criança estava a brincar na praia quando a mãe morreu afogada, após lutar com Dorries dentro de água, segundo uma testemunha portuguesa que foi chamada a depor em Munique.

A defesa tentou pôr em causa a credibilidade dos testemunhos portugueses, considerando-os "muito contraditórios", mas a acusação considerou que todos eles "foram muito fiáveis e não tinham intenção deliberada" de inculpar o réu, "que se quis livrar de duas testemunhas incómodas do seu passado".

Agentes portugueses da Polícia Marítima e da Polícia Judiciária compareceram também no julgamento para depor, e médicos legistas algarvios, que fizeram a autópsia ao corpo da cidadã angolana, testemunharam por vídeo-conferência.

O arguido deixou a vítima estendida na areia, levando a filha e dizendo que ia buscar socorros.

A criança foi encontrada meses depois, no mar, por pescadores algarvios, e a causa da morte nunca foi apurada.

Dorries, que estava de férias com as vítimas, regressou à Alemanha já sem a criança, mas dias depois foi detido em Munique, com base num mandado de captura emitido pela polícia portuguesa.

A sentença deste caso está marcada para 01 de outubro.

A justiça portuguesa chegou a pedir a extradição de Dorries às autoridades alemãs, mas o requerimento foi indeferido pelo Tribunal Regional de Munique, que optou por aceitar permitir que Dorries fosse julgado no país de origem, como ele próprio desejava.

Lusa