Há três acontecimentos ocorridos em Roma, na Praça de São Pedro, que a Santa Sé considera entre aqueles que estiveram na origem das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ): o Encerramento do Jubileu da Juventude, a 15 de abril de 1984, por ocasião do Ano Santo da Redenção (1983/1984), a entrega da Cruz pelo Papa João Paulo II aos jovens, a 22 de abril do mesmo ano, e o Encontro Mundial de Jovens por ocasião do Ano Internacional da Juventude, a 31 de março de 1985.
Pelo menos no Encerramento do Jubileu da Juventude e no Encontro Mundial de Jovens terão participado grupos de algarvios pertencentes ao Caminho Neocatecumental, segundo o Folha do Domingo conseguiu apurar. No Encerramento do Jubileu da Juventude de 1984, realizado no Domingo de Ramos, participou um grupo de cerca de 30 jovens do Algarve.
Oriundos de Faro, Loulé, Monte Gordo, Tavira e Vila Real, os algarvios partiram de Lisboa de autocarro, inseridos numa participação de cerca de 200 jovens portugueses. Em Roma esperavam-se 60 mil peregrinos, mas acorreram 250 mil de muitos países, entre eles Madre Teresa de Calcutá, fundadora das Missionárias da Caridade, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, o irmão Roger Schütz, fundador da Comunidade Ecuménica de Taizé, e Kiko Argüello, iniciador do Caminho Neocatecumenal.
“A experiência foi de tal modo significativa para toda a Igreja, que o Santo Padre resolveu repeti-la no ano seguinte”, explica a organização da JMJ que se realizará em Lisboa no próximo ano, acrescentando que no encontro de 1985, os 300 mil jovens repartiram-se entre as igrejas da cidade para momentos de oração e catequese, reunindo-se, depois, na praça de São Pedro para participar na celebração com o Papa. Ainda nesse ano de 1985, João Paulo II escreveu a 31 de março uma Carta Apostólica aos jovens do mundo inteiro e anunciou, a 20 de dezembro, a instituição da JMJ, cuja primeira edição ocorreu a 23 de março de 1986, em Roma.

Um dos 30 jovens algarvios que participou no Encerramento do Jubileu da Juventude, a 15 de abril de 1984, foi José Graça. Aquele tavirense, hoje com 56 anos, fez parte do Caminho Neocatecumenal até aos 18 anos, tendo prosseguido a caminhada no Corpo Nacional de Escutas (CNE), movimento ao qual aderira aos 13 anos. “Saímos de Lisboa no dia 7 de abril e estivemos em Roma até ao Domingo de Ramos, tendo regressado a Portugal nessa noite”, recorda aquele dirigente escutista, presidente da mesa do Conselho Regional do Algarve do CNE, que em 2000 esteve depois, por razões profissionais e em representação do Ministério da Administração Interna, na equipa de coordenação da última visita de João Paulo II a Portugal.
Outra das participantes foi Aurélia Roque, de Faro, que também lembra aquele encontro em Domingo de Ramos como um acontecimento “inesquecível”. “Saímos do Coliseu com as palmas e fomos até à Praça de São Pedro”, conta, acrescentando também a memória das eloquentes catequeses aos jovens feitas em diferentes igrejas de Roma pelas personalidades já referidas.
No Encontro Mundial de Jovens de 1985, o número de participantes algarvios terá sido superior. Segundo Aurélia Roque, partiram para Roma dois autocarros com membros do Algarve e Alentejo ligados ao Caminho Neocatecumenal. “Fomos por Elvas”, acrescenta.

A mesma fonte explica ainda que na primeira JMJ, em 1986, também participaram algarvios ligados ao Caminho Neocatecumenal, incluindo jovens de Portimão. O total do contingente algarvio naquele encontro mundial inaugural foi de cerca de uma centena de participantes que rumou a Roma em dois autocarros. “Andámos sempre atrás de João Paulo II”, refere com emoção Aurélia Roque, que participou em seis JMJ, explicando que a maioria das pessoas que foram consigo continuam a pertencer ao Caminho Neocatecumenal, sendo alguns também catequistas.
“Foi um grande impulso para a evangelização e para amadurecer no Cristianismo. Perceber que não éramos só os que estávamos aqui na Igreja, ver aquela gente toda e o Papa a incentivar-nos à nova evangelização e a não ter medo, foi um impulso a querer servir e dar aos outros aquilo que estávamos a receber. Receber de graça para dar de graça, também àqueles que não conhecem Jesus Cristo”, testemunha Aurélia Roque, que fala numa “metanoia” para a juventude da época ao se aperceber da dimensão universal da Igreja que “convoca todos de igual maneira, no mesmo serviço”.
Aquela católica comprometida recorda que ter estado presente naqueles momentos da história de João Paulo II e das JMJ ajudou a “dar força” à sua fé e muito importante “para não desanimar”. “Nada foi em vão. Para mim, foi uma iluminação para toda a minha história e toda a minha vida. Toda a palavra que recebi nessas jornadas foi fundamental para poder enfrentar os sofrimentos que vieram depois. Foi muito bom”, considera.
Depois da primeira edição das JMJ em 1986, seguiram-se as de Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
A Igreja algarvia tem marcado presença ao longo desta história das JMJ. Para além das participações nos referidos encontros que estiveram na sua origem e na primeira edição em 1986, em Roma, voltou a participar em 1989, em Santiago de Compostela, com 50 jovens. A presença algarvia repetiu-se em Czestochowa com cerca de 100 elementos, em Denver com cerca de 15 elementos, em Paris com 150 elementos, em Roma com 400 elementos, em Toronto com 2 elementos, em Colónia com 113 elementos, em Sidney com 13 elementos, em Madrid com 232 elementos, no Rio de Janeiro com 39 elementos, em Cracóvia com 104 elementos e no Panamá com 28 elementos.