António Costa da Silva falava no seminário “Prospecção e exploração de gás natural nas águas profundas da costa do Algarve: as perspetivas energética, económica e ambiental”, que decorreu em Loulé.

“Desde 2002, quando o concurso terminou, a Repsol apresentou-se a concurso, é um concurso internacional aberto, a Repsol ganhou e hoje estamos senão me engano em 2010”, ironizou o especialista em pesquisa de gás natural e petróleo, questionando o Governo sobre o porquê de até agora não ter assinado o contrato.

A 40 quilómetros da costa algarvia existem reservas de gás natural suficientes para cobrir o consumo interno de Portugal durante 15 anos, estimou António Costa da Silva.

O Algarve, segundo estudos divulgados, tem potencial elevado para gerar gás, com uma capacidade cerca de 20 vezes superior às reservas que foram encontradas nos campos do Golfo de Cádiz, em Espanha.

António Costa da Silva, que profere palestras nas cimeiras do G8 (grupo dos oito países mais industrializados do mundo) e é consultor do banco central alemão em Berlim, recorda que na “bacia do Algarve existem os diferentes componentes para procurar gás natural”.

Existem rochas geradoras de hidrocarbonetos, armadilhas estruturais, rochas reservatório, há migração dos fluidos e já foram perfurados cinco poços no passado, recordou o especialista, acrescentando que valeria a pena perfurar no “deep offshore” (nas profundezas da água) e desenvolver o projeto, porque os riscos associados são “pequenos e os benefícios para o Algarve e país seriam enormes”.

Mapear os recursos naturais em Portugal é o concelho que António José Silva deu ao Governo, referindo que a estimativa de gás que se poderia retirar do Algarve pouparia ao país “entre 1 400 a 1 500 milhões de euros por ano”.

Gerar emprego ou diminuir a dependência energética de Portugal em relação ao exterior são outros dos benefícios que poderiam advir da descoberta de gás natural ao largo do Algarve.

“O país paga uma fatura energética elevada e não podemos esquecer que cerca de 15 por cento tem a ver com importações de gás natural”, sustentou o administrador da Partex, que pertence à Fundação Calouste Gulbenkian.

Os espanhóis exploram gás natural desde 1976 no Golfo de Cádiz, mas Portugal, ao nível do seu posicionamento estratégico, tem fragilidades e não conseguimos projetar o país a 20 a 30 a 50 anos”, lamentou, afirmando que o Estado "tem uma missão de soberania para explorar os recursos”, porque Portugal tem das “maiores zonas económicas exclusivas do mundo com recursos mapeados”.

Hoje saiu do Funchal, na Madeira, a maior expedição científica portuguesa para mapear os recursos no “offshore”.

Lusa