A iniciativa, que teve lugar na igreja de Vilamoura com a presença de cerca de 150 pessoas, foi promovida por seis movimentos da Igreja católica algarvia (Convívios Fraternos, Corpo Nacional de Escutas, Cursos de Cristandade, Focolares, Liga Intensificadora da Ação Missionária e Renovamento Carismático Católico) e pela Igreja Ortodoxa romena.

O “Juntos pela Europa” nasceu em 1998, em Roma, na vigília de Pentecostes desse ano, quando o Papa João Paulo II reuniu os movimentos e as novas comunidades e pôs em relevo o papel essencial que têm na Igreja. Fundadores e responsáveis de cerca de 250 movimentos e comunidades cristãs, para responder ao apelo do Papa, iniciaram um percurso de comunhão e de mútuo conhecimento, tendo em vista reavivar a alma cristã da Europa. Mais tarde, esta comunhão foi alargada a movimentos de outras Igrejas cristãs e deram-se novos passos no sentido de colaborarem para “preencher o enorme vazio religioso da Europa”.

O “Juntos pela Europa” defende uma “Europa unida pelo espírito de fraternidade que não se pode tornar realidade sem a força criadora dos jovens e a sua vontade de construir um novo futuro com responsabilidade”. No dia 12 de maio, mais de 100 cidades europeias, participarão numa corrida pela paz à volta do planeta e irão estar ligadas através de uma transmissão em direto pela Internet. No Algarve,
Faro associar-se-á com diversas dinâmicas de celebração e animação.

Em Vilamoura, António Aparício, da organização algarvia da iniciativa, deixou claro que o “Juntos pela Europa” é uma “livre convergência de movimentos que mantêm a sua autonomia” que “agem em conjunto para objetivos comuns”. “Todos temos a mesma origem, isto é, o espírito de Deus, a mesma vida e a mesma paixão: viver o evangelho. Descobrimo-nos irmãos e irmãs em Cristo e, mesmo com talentos e carismas diferentes, podemos colaborar para os fazer frutificar melhor e para preencher o enorme vazio religioso da Europa”, afirmou aquele responsável.

Aparício explicou que já se realizaram dois grandes eventos a nível europeu, um em 2004 e outro em 2007, cada um com a sua Carta Programática. “A última, conhecida como a mensagem dos ‘7 SIMs’ tem sido o documento orientador das várias iniciativas e manifestações previstas para o próximo dia 12 de maio deste ano” e sublinha o desejo de contribuir para uma Europa unida, apesar das diferenças, numa colaboração efetiva entre os movimentos e aberta a todas as pessoas.

Os ‘7 SIMs’ propostos são o “SIM à vida, defendendo-a em todas as suas fases”, o “SIM à família, raiz de uma sociedade aberta ao futuro”, o “SIM à criação, defendendo a natureza e o ambiente”, o “SIM a uma economia justa, ao serviço da pessoa e da humanidade”, o “SIM à solidariedade, para com os pobres e marginalizados”, o “SIM à paz, promovendo a reconciliação através do diálogo” e o “SIM à responsabilidade fraterna”, para que as cidades “se tornem espaços e acolhimentos”.

O padre Firmino Ferro, representante da Igreja católica, exortou os presentes a “dar a vida por uma nova evangelização”. “Pertencemos a um movimento só, com o mesmo objetivo: conhecermo-nos para podermos também evangelizar em conjunto”, afirmou. Aludindo à capacidade de “construir uma Europa mais cristã”, advertiu que “há muitas forças que querem abafar tudo isto” e a “remeter a fé para a sacristia”.

O sacerdote, considerando que “os cristãos nunca perderam o sentido de comunidade”, lembrou a influência do Cristianismo na fundação da Europa, quer através do “desenvolvimento dos povos” quer através da “evangelização”. “O nosso grande défice é hoje de evangelização e de testemunho cristão. Temos vergonha e medo de mostrar que somos cristãos”, criticou, lembrando o pensamento de João Paulo II quando afirmou que “este é o milénio dos movimentos e dos grupos que, tendo origem no laicado cristão, são a grande fonte de evangelização”. “Hoje a velha Europa tem necessidade do espírito de Deus na sua vida e somos nós que o temos de transmitir”, afirmou.

Também o padre Ioan Rîşnoveanu, representante da Igreja Ortodoxa romena, dirigindo-se aos fiéis daquela confissão cristã, sublinhou a necessidade de os cristãos se unirem na defesa do continente europeu. “Temos de lutar juntos pela paz, prosperidade e pela fraternidade na Europa, seguindo as instruções de Jesus”, afirmou, apontando o exemplo dado por Cristo de “como nos devemos amar uns aos outros”. “Esta fraternidade dá-nos esperança de que a Europa não caia e sobreviva nesta crise mundial que é principalmente espiritual”, concluiu.

A vigília de sábado à noite, na qual participou também o padre católico Elísio Dias, pároco de Quarteira, contou com o visionamento de um breve filme sobre o historial do “Juntos pela Europa” e com um gesto simbólico com fitas coloridas.

Samuel Mendonça