MANIFESTAÇÃO DE ALUNOS
© Luís Forra/Lusa

Mais de meio milhar de alunos da Escola Secundária João de Deus, em Faro, manifestaram-se hoje contra o atraso do fim das obras da Parque Escolar, recorrendo a buzinas, cartazes e engenhos explosivos de pequena potência.

“Tenho fome quero um refeitório”, “Queremos mudança, alunos em contentores”, “Quatro anos basta, queremos uma escola melhor”, “Queremos segurança, queremos mudança” ou “Somos lixo, queremos uma escola decente” eram algumas das frases que se podiam ler hoje de manhã nos cartazes dos alunos da João de Deus, que estiveram em greve às aulas até às 12:00.

Além dos cartazes, das buzinas e de palavras de ordem como a “luta contínua” e “justiça”, a Lusa constatou que foram lançados pelo menos dois engenhos explosivos de pequena potência e que estouraram durante a manifestação em frente à instituição escolar, localizada numa das principais artérias da capital algarvia.

As obras “duram há quatro anos, praticamente estão paradas, praticamente a obra não avança. A obra está a avançar a um ritmo muito lento, praticamente com cinco ou seis homens (…) e a Parque Escolar não dá respostas, não dá previsões”, disse aos jornalistas o diretor do Agrupamento de Escolas João de Deus, Carlos Luís.

O diretor reconheceu que os docentes também estão no “limite”, porque “não têm condições para trabalhar”.

“Já viu o que é estar a trabalhar num contentor onde chove lá dentro, com 30 alunos”, questionou Carlos Luís, acrescentando que as aulas de Educação Física são dadas num polidesportivo apenas com cobertura e que tem estado interdito por questões de segurança.

Carlos Luís pediu previsões para o final das obras, recordando que o refeitório funciona num contentor e que quando chove os alunos ficam num pequeno átrio ou na biblioteca, mas que é um espaço de trabalho e não de convívio.

“O que pretendemos é que nos digam quando é que temos a nossa escola de volta. A escola foi-nos retirada com um determinado objetivo e, passados quatro anos, esse objetivo nem sequer está em fase de conclusão, está a meio”, alertou Carlos Luís.

As principais queixas dos estudantes são as aulas em contentores, o refeitório “não ter condições nem capacidade de resposta para as necessidades da escola” e a “inexistência de ginásio”.

Gonçalo Martins, da Associação de Estudantes da João de Deus, disse, por seu turno, que a greve de hoje é só o início da luta e que mais iniciativas de protesto vão ser preparadas para demonstrar o descontentamento generalizado relativamente ao atraso “inaceitável das obras”, que se “arrastam prejudicando a vida quotidiana dos alunos”.

A Escola João de Deus em Faro tem cerca de 800 alunos.