A associação A|NAFA – Associação e Núcleo de Fotógrafos do Algarve, em colaboração com as paróquias de Tavira, através da ARTgilão, e a Santa Casa da Misericórdia da cidade, comemoraram no passado dia 5 deste mês, o Dia Mundial da Fotografia e os 500 anos da cidade tavirense com a realização de um passeio fotográfico e a inauguração de três exposições que estarão patentes até dia 31 de dezembro deste ano.


A iniciativa procura ser “uma grande homenagem a Joseph Niépce (pai da Fotografia, que em 1826 conseguiu produzir o primeiro exemplo de uma imagem permanente ainda existente)”, refere a organização.


João Ribeiro, fotógrafo e um dos organizadores da iniciativa, explicou ao Folha do Domingo que a mesma pretendeu ser uma homenagem a Joseph Niépce, “pai da Fotografia, que em 1826 conseguiu produzir o primeiro exemplo de uma imagem permanente ainda existente”.

O evento, após o passeio fotográfico dinamizado pelos fotógrafos da A|NAFA e intitulado “Tavira com História”, teve continuidade com a inauguração da exposição na sede daquela associação, constituída por 32 trabalhos de 32 fotógrafos portugueses e espanhóis. “Foi-lhes pedido que fizessem uma fotografia que incluísse uma janela ou através de uma janela”, explicou João Ribeiro sobre a mostra.
Intitulada “Desde mi Ventana” (Da minha janela), a exposição integra trabalhos com diversas técnicas, processos e meios técnicos, desde o analógico – incluindo variados tipos de papel como suporte – ao digital com recurso a câmaras ou smartphones.


Seguiu-se a inauguração da exposição na igreja de São Paulo, da autoria do português João Ribeiro e do espanhol José Ramirez, com recurso a uma técnica muito específica da fotografia: o “pinhole”. A exposição, com quase quatro anos, intitulada “Tavira por un Agujero” (Tavira através de um buraco), é inteiramente composta por fotografias feitas através do processo analógico, captadas com recurso a câmaras “pinhole”, totalmente artesanais, feitas com caixas de cartão e reveladas com químicos em papéis fotossensíveis.


José Ribeiro explicou que as fotografias, já expostas em diversas universidades e galerias de Espanha e Portugal, levaram quase oito meses a serem feitas.


Na inauguração, o pároco de Tavira e responsável da ARTgilão referiu-se à dimensão simbólica da exposição. “É como se trouxéssemos Tavira para dentro desta igreja”, afirmou o padre Miguel Neto, sobre aquela que considerou “uma das igrejas mais bonitas e singulares” da cidade. “Pelo facto de a exposição estar patente no coro alto, se se aproximarem das janelas conseguem ver ao longe muitas das imagens das fotografias”, acrescentou.


A última exposição foi inaugurada na igreja da Misericórdia. Intitulada “Arte Fotográfica Contemporânea” esta mostra também de autoria luso-espanhola é composta por trabalhos de Alberto Buzón Tirado, Cláudia Perdigão, Luis Jurado, Urgélia Santos, José Ramirez e João Ribeiro.
A jornada cultural encerrou-se com um miniconcerto com Mário Pousada & Vicky Vega no jardim da igreja da Misericórdia.

As exposições têm ainda como objetivo “dinamizar alguns dos espaços culturais da cidade, nomeadamente algumas das igrejas que integram o projeto ‘Cartão Igrejas’ e que associam a ARTgilão TAVIRA/Paróquias de Tavira e a Misericórdia de Tavira”, parceiras na promoção do património religioso e cultural da cidade.

“Este cartão, criado em 2019, tem como objetivo facilitar a circulação dos turistas e a sua visita a estes espaços, já que adquirindo-o têm acesso a quatro das mais importantes e bonitas Igrejas da cidade: igreja de Santa Maria (que encerra uma coleção de arte sacra visitável de grande valor, inaugurada em 2019), igreja da Misericórdia (que, entre outros tesouros artísticos, tem um magnífico conjunto de painéis de azulejo com as Obras de Misericórdia), igreja de São Paulo e igreja de Santiago”, complementam as paróquias.
As comunidades explicam que a principal vantagem de adquirir o ‘Cartão Igrejas’ é garantir um valor mais acessível do que comprando os ingressos em separado e realçam que ao visitar o património da cidade, o turista “está a contribuir para a preservação” do mesmo.
O mesmo acontece com as exposições, garante a organização, assegurando que a “maioria das verbas provenientes” do projeto serão “aplicadas pelos parceiros na recuperação e restauro de património, já que Tavira é conhecida como a «cidade das Igrejas» do Algarve e tem na arte sacra um dos seus maiores atrativos turísticos e culturais”.
“O estabelecimento de parcerias e sinergias é de grande importância sempre, mas mais ainda num momento em que vivemos as consequências da pandemia provocada pela COVID-19”, afirma o padre Miguel Neto.