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Dois antigos dirigentes da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) foram acusados pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Évora pelo crime de peculato, disse hoje à Lusa o atual presidente do organismo, Álvaro Viegas.

Este é o resultado de três anos de investigação e recolha de testemunhos levados a cabo pelas autoridades após uma denúncia de utilização indevida de verbas da associação, na ordem dos 150 mil euros, explicou Álvaro Viegas.

Contactado pela agência Lusa, João Rosado, um dos antigos dirigentes agora acusados, disse não perceber como o Ministério Público manteve os argumentos iniciais da acusação, uma vez que todas as situações foram justificadas na fase de inquérito.

Segundo João Rosado, a acusação que recai sobre si deve-se à apresentação tardia do mapa de quilómetros feitos numa viatura particular ao serviço da ACRAL em 2009, razão por que diz que a associação tem a pagar-lhe mais de seis mil euros.

No caso do antigo tesoureiro, Feliciano Rito, o caso resulta de uma diferença de valores após uma sequência de transferências de verbas da associação para contas pessoais e a devolução dos mesmos à associação, durante um período em que a ACRAL estava em risco de ser alvo de penhoras, explicou João Rosado.

O antigo dirigente da associação algarvia disse que no caso de Feliciano Rito considera que o mesmo tem um saldo credor na ordem dos 12 mil euros.

As transferências em questão são referidas na notificação da Comarca de Évora, a que a Lusa teve acesso.

“Em virtude da existência de vários processos de execução contra a ACRAL interpostas por alguns fornecedores, com vista à penhora de bens, nomeadamente saldos bancários, foi decidido pela direção da ACRAL, […] nomeadamente pelos arguidos, transferirem, provisoriamente, o dinheiro que a associação tinha nas instituições bancárias para contas bancárias dos mesmos”, lê-se no documento.

Álvaro Viegas, que assumiu a liderança da ACRAL há cerca de dois meses e meio, diz que as transferências feitas entre as contas da associação e as contas particulares foram na ordem dos 700 mil euros e que após a devolução à associação foram detetados valores em falta.

“Nesse saldo falta a justificação desse dinheiro e, como os próprios não conseguiram justificar nesta fase de inquérito, naturalmente conclui-se pela apropriação”, observou Álvaro Viegas, frisando, ainda assim, que neste momento há apenas uma acusação e não uma condenação.