O tema da palestra proferida por António Pinto Leite, presidente da ACEGE e sócio e co-presidente de uma conhecida sociedade de advogados, foi ‘Liderança e fé’.

No final do jantar, participado também pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, pelo assistente da ACEGE no Algarve, padre Mário de Sousa, e pelos presidentes das Câmaras de Faro e Olhão, Macário Correia e Francisco Leal, António Pinto Leite começou por pedir aos gestores e empresários que não venham para a ACEGE “por negócios” ou “à procura do interesse pessoal”. “Para aqui não se vem à procura de nenhum interesse. Este é um espaço de serviço, de recolhimento, de laços que poderão ter consequências nas nossas vidas empresariais, mas lá fora, não aqui”, disse.

Abordando a dimensão da eternidade, garantiu que “quem tem fé tem um horizonte que não acaba neste mundo”. “Quando tratamos da nossa liderança nas nossas empresas estamos a tratar da nossa salvação. Quando entramos nas nossas empresas e estamos a lidar com as pessoas, estamos a tratar da nossa eternidade”, justificou.

Referindo-se a outro aspecto que considerou importante, a ética, lembrou que o “ponto central” desta é a “relação connosco próprios, com a nossa própria dignidade”. “A ética cristã tem outro centro vital. É que o mínimo ético não é satisfatório para um cristão. Pedem-nos algo mais e esse algo mais vem do amor”, concretizou, apontando mais adiante que “a ética não é um luxo nos negócios”, mas uma “condição” destes e “um investimento de longo prazo”. “Todo o edifício da ética assenta numa palavra: carácter”, frisou.

A prudência foi outra das qualidades de um gestor cristão enumeradas por Pinto Leite. “O mundo chegou à primeira crise de 2007/2008 por falta de prudência. O culto da prudência é uma obrigação moral de quem lidera com fé”, considerou.

Também a “confiança paternal” foi destacada pelo conferencista. “Temos o dever ético de conferir confiança paternal nas nossas organizações. Temos um dever amoroso sobre as organizações e se não somos capazes disso devemos dar o lugar a outro”, advertiu.

A propósito da integridade, outra dimensão apreciada, explicou que “a tensão entre o sucesso e a ética tem de ser decidida no coração e na mente” de um gestor cristão, “de forma decisiva”. “Viver com ética e integridade nas organizações é um primeiro sucesso”, afirmou.

Apontando ainda a generosidade, António Pinto Leite disse que esta “é mais do que sentido social”. “Não se pode ter ética cristã sem ter generosidade. Na nossa vida empresarial há uma margem de generosidade que não convocamos. Não absolutizemos o critério do lucro”, apelou.

Ligado a estes pilares destacou quatro critérios. “O primeiro critério na nossa vida empresarial, muito operacional, é o de perguntarmo-nos se somos «céu» ou «inferno» como líderes empresariais”, enumerou. Garantindo que um dos aspectos a que é “muito sensível” é que os principais fornecedores da sua empresa tenham as suas margens, recordou que “liderar organizações é uma oportunidade extraordinária para se ser bom”.

Como segundo critério apontou o “amor ao próximo”. “Tratar o outro como eu gostava de ser tratado se estivesse no lugar dele com a informação que eu tenho. Não há critério mais operacional na vida empresarial do que este”, explicou.

Outro “grande critério para um bom cristão na missão de liderança empresarial” disse ser o da transparência. “Tomaria eu esta decisão se todos soubessem?”, questionou para explicar o sentido do termo.

O quarto critério, que advertiu ser “intensamente espiritual”, afirmou ser “perguntar a Jesus: que queres Tu de mim?”.

A terminar, lembrou aos empresários cristãos algarvios que “há pessoas que, perante as circunstâncias, se põem contra o vento, outras que se põem a favor do vento e há aqueles que são o vento”. “Eu desafio-vos a ser o vento”, exortou.

O padre Mário de Sousa pediu aos gestores e empresários cristãos algarvios, que têm participado nas iniciativas promovidas por aquela organização, que oficializem a sua pertença à mesma. “Isto começou quando eu estava na paróquia da Sé, tem-se indo alargando e seria bom que agora fosse transbordando para o resto do Algarve”, disse, manifestando o desejo de que cresça o número de membros do núcleo algarvio.

Samuel Mendonça