O Tribunal de Faro começou hoje a julgar o idoso que alegadamente pagou cerca de 800 euros a três jovens, um deles com 15 anos, para “dar um susto” a um vizinho em setembro de 2009.
Segundo os testemunhos de alguns dos arguidos no processo, o “susto” pregado à vítima – Manuel Casimiro – envolveu socos, pontapés, uma pedrada na cabeça e de seguida o encaminhamento da vítima para dentro de uma viatura que acabou por cair de uma ravina abaixo.
Os arguidos estão acusados de furto qualificado, dano, transporte e detenção de arma de caça proibida, ofensa à integridade física qualificada, sequestro e homicídio qualificado na forma tentada.
Durante a primeira sessão, os três jovens arguidos afirmaram que não conheciam o alegado mandante do serviço, o idoso e arguido mas sim o intermediário que era Luís Brás, 40 anos, também arguido no processo.
A vítima, Manuel Casimiro, de 68 anos, ex-guarda florestal, que sobreviveu a várias agressões e que se escapou do carro quando caia numa ribanceira, pede uma indemnização de “cerca de 40 mil euros” por danos morais e patrimoniais, informou à Lusa o advogado do queixoso.
O arguido André Ramos, 23 anos, natural de Quelfes, está em prisão preventiva, tem um processo a correr na comarca de Loulé e disse hoje em tribunal que Luís Brás lhe tinha encomendado o serviço e pedido para “arranjar mais duas ou três pessoas”.
André Ramos disse ter arrombado a porta da casa da vítima e que a primeira vez que agrediram Manuel Casimiro foi com uma pedra na cabeça.
O arguido Marco Rodrigues, 23 anos, natural de Quelfes, confessou que foi André Ramos que lhe pediu para “fazer o trabalho” de dar “umas porradas num homem”.
O jovem disse ter sido o autor da pedrada na cabeça de Casimiro, mas que a intenção era mandar a pedra para cima do carro, e acrescentou que lhe pagariam “250 euros” pelo serviço.
A próxima sessão do julgamento é quinta-feira, às 10:00.
O arguido septuagenário, Manuel Dias, pediu dispensa da sua presença em tribunal e mandatou um representante judicial, alegando "sério risco de perigo de vida" por ter um quadro clínico de sequelas de acidente cardiovascular e ser passível de repetições de novos acidentes vasculares, informou o advogado Carvalhinho Correia.
Folha do Domingo/Lusa