O livro agora editado traz à estampa uma obra de ficção intitulada “As Tentações de Maria Lua” com 140 páginas.
No lançamento da obra, foram convidados do autor, que agora se aventurou por este estilo literário, a jornalista Paula Bravo, directora do jornal Terra Ruiva, periódico do concelho de Silves, e Varela Pires, médico e escritor.
Paula Bravo começou por explicar que o livro “coloca-nos nas mãos, um homem idoso que chega à sua terra natal para a recordar mas também para a desvendar”. “A terra de que fala este livro é São Bartolomeu, apenas São Bartolomeu. «De Messines?», interroga-se o leitor. Mas o autor nada diz”, constatou, para de seguida apontar mais algumas semelhanças. A “Igreja com torre sineira que dá horas metálicas e fortes”, o Penedo e o “povoado estendido” e até o Sainhas são elementos de contacto entre a São Bartolomeu do livro e a terra natal do autor.
“É no jogo entre ficção e realidade, entre passado e presente, que o livro se desenvolve com personagens como a Tia Ludovica, e Ti Mansinho e a Maria Lua que talvez tenham existido em Messines, mas que existem com toda a veracidade no São Bartolomeu do autor”, concluiu.
Varela Pires, a quem coube a apresentação da publicação, insistiu na analogia entre as duas localidades, a real e a fictícia, e várias vezes lhe escapou a terminação Messines para o lugar de São Bartolomeu, descuido que o autor corrigiu sempre prontamente.
O orador considerou o novo livro de Teodomiro Neto um “ajuste de contas belo e simbólico, cheio de ternura e afecto, com a sua própria terra”. “Ele nunca a esqueceu. Este livro é um tributo de gratidão a esta terra”, justificou, salientando que o povo está presente na obra como ninguém, embora ficcionado. “É um livro de amor e de emoções”, observou, referindo também a um “ambiente de uma certa cumplicidade e de pequenas traições e invejas”.
Na sua intervenção, o autor, com mais de uma vintena de livros publicados, desfez o mistério da analogia entre as duas São Bartolomeu. “Messines é óbvio, mas eu não o cito. Cito é São Bartolomeu”, reconheceu, assegurando que “esta história aconteceu por muitas terras do nosso Portugal” no período da Segunda Grande Guerra. “Nesta história, ficcionada por um lado e tão realista por outro, tudo se passou nesta terra. É a vida das pessoas e eu gosto muito de me entregar àqueles que me pertencem, à gente do povo”, disse, acrescentando que “é uma história de mudança”, referindo-se ainda à confrontação e choque entre o conservadorismo e a renovação dentro da Igreja que o livro também retrata.
A terminar, pediu a preservação do Penedo Grande como o “pulmão da terra”, “o mais completo aglomerado de sobreiros” daquela zona. “Não é com cimento que se defende o sobreiro. Façam um abaixo-assinado a quem de direito. Subam ao Penedo Grande e vejam a ruína em que a nossa terra se encontra”, exortou.
Samuel Mendonça