
A Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) voltou na terça-feira a exigir a ativação “urgente” das linhas de crédito prometidas aos comerciantes que ficaram com os seus locais destruídos pelas cheias registadas em Albufeira, em novembro.
O presidente da ACRAL, Vitor Guerreiro, disse à agência Lusa que os lesados sem seguros ou capital próprio para fazer frente aos prejuízos “estão há mais de três meses à espera de uma solução” e que sejam ativadas “as linhas de crédito especiais para apoiar os comerciantes afetados pela intempérie de 01 de novembro”.
Vítor Guerreiro lamentou que, após o temporal, Governo e autoridades locais “tenham feito promessas de criação de mecanismos de resposta rápidos” aos afetados e, passados estes meses, ainda haja “cerca de 12 comerciantes que não têm forma de recuperar os seus locais” por falta dessas respostas.
“E estes 12 referem-se só à parte do comércio, que é aquela que nós, na ACRAL, representamos. Depois há também estabelecimentos de restauração e bebidas que aguardam também por essas linhas de crédito”, acrescentou, criticando a forma como autarquia, Governo e partidos políticos “têm empurrado de uns para os outros” as responsabilidades quanto à implementação desses mecanismos de apoio.
Vítor Guerreiro lamentou também que algumas das principais épocas turísticas do ano se estejam a aproximar e os comerciantes ainda não tenham conseguido aceder às ajudas, o que pode comprometer a sua atividade em períodos como a Páscoa ou mesmo o verão.
“Uma vez que o levantamento dos prejuízos provocados pelas cheias já foi efetuado e entregue à tutela, a ACRAL espera agora que o acesso dos lesados ao fundo de emergência seja feito com caráter de urgência”, referiu a Associação num comunicado, considerando que “não há mais tempo a perder”.
A 09 de fevereiro, os deputados do Partido Socialista (PS) eleitos pelo círculo de Faro anunciaram que o Governo iria divulgar “dentro de dias” as linhas de crédito e as condições de elegibilidade para apoio aos lesados das cheias em Albufeira e criticaram a Câmara algarvia por não ter entregado, “como se tinha comprometido”, o levantamento dos prejuízos ao Ministério da Administração Interna até 31 de janeiro.
Fernando Anastácio, um dos quatro parlamentares do PS eleitos pelo Algarve, disse na ocasião à Lusa que a criação destas linhas de crédito já tinham sido levadas pelos deputados socialistas à consideração do anterior Governo PSD/CDS-PP, mas não tinham sido aceites, e foram depois recuperadas e propostas ao executivo socialista, que as iria anunciar em breve, mas sem precisar uma data concreta.
Em novembro passado, a zona de Albufeira foi atingida por fortes chuvas, tendo a água atingido 1,80 metros no centro da cidade, provocando prejuízos avultados em comércios, habitações e estruturas públicas e obrigando as equipas de socorro a resgatar várias pessoas que ficaram retidas no interior desses locais.