A AIPAR – Associação de Proteção à Rapariga e à Família tem novos projetos em mãos para juntar às sete valências que já desenvolve.
A instituição, fundada em Faro em 1932 por um grupo de mulheres da sociedade farense que incluía Teresa Ramalho Ortigão, adquiriu na freguesia da Conceição de Faro a Quinta do Meloal, onde pretende implementar um espaço de tempos livres e campo de férias para as crianças e jovens que acolhe, nomeadamente os utentes qua acompanha no âmbito do seu Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) de jovens portadores de deficiência profunda.
A presidente da direção da AIPAR explicou ao Folha do Domingo que a quinta – com uma área de mais de três hectares que inclui uma moradia que estava em ruína e foi recuperada, antigos tanques e uma nora – estava inserida numa zona afeta à Reserva Agrícola Nacional, onde até há pouco tempo não era possível licenciar para desenvolver qualquer atividade de apoio à comunidade. “Agora saiu uma lei em que já podemos legalizar o que lá temos e criar ali uma resposta social”, assegura Maria Filomena Rosa.
Na passada segunda-feira, 11 de novembro, a AIPAR – em colaboração com o parque temático Zoomarine e a Nativawaky, que tem como desafio reflorestar Portugal de forma sustentável – procedeu à plantação no terreno da quinta de uma floresta ‘Miyawaki’, um sistema inovador de plantação densa e diversificada que recria ecossistemas nativos capazes de atingir a autossustentabilidade em apenas três anos sem precisar de rega, que é crucial num contexto de combate à seca e à desflorestação, problemas graves que afetam a região.
A iniciativa inseriu-se na Operação Montanha Verde, que pretende promover a biodiversidade e a regeneração natural dos solos no Algarve, e contou com a participação de cerca de 60 voluntários – entre os quais 42 crianças de duas turmas do 4º ano do ensino básico e um grupo de voluntariado da Universidade do Algarve – que plantaram 330 árvores e plantas de mais de 30 espécies autóctones.
A ALGAR, SA – parceira estratégica desde o primeiro ano da Operação Montanha Verde – contribuiu com a oferta do composto orgânico NutriVerde, certificado para utilização em agricultura biológica, para suporte à fase inicial de crescimento das plantas.
Maria Filomena Rosa lembrou na ocasião que a plantação da primeira floresta ‘Miyawaki’ no concelho de Faro e a segunda no Algarve se articula perfeitamente com o projeto previsto para ali que terá como destinatárias crianças portadoras de deficiência. “Este espaço vai ao encontro do nosso desejo de que estas crianças e as suas famílias se aproximem da natureza e que criem conexões e nutram carinho pelas plantas, pois também elas merecem a nossa proteção”, afirmou.
O CACI tem capacidade para 22 utentes com idade superior a 18 anos em acordo de cooperação com a Segurança Social e inclui mais duas vagas que não estão abrangidas por aquele acordo. A AIPAR assegura ainda o transporte de utentes oriundos dos concelhos limítrofes ao de Faro.
Para além deste projeto, a associação de inspiração cristã, com sede em Faro na rua monsenhor Henrique Ferreira da Silva, vai construir uma creche com capacidade para 42 crianças dos 0 aos 3 anos na zona do Chelote do concelho de Faro, em terreno doado pela Câmara Municipal.
Segundo, Maria Filomena Rosa trata-se de um projeto “completamente inovador”, que funcionará também em horário noturno e aos fins de semana para ir ao encontro das necessidades atuais dos pais. “Temos famílias que precisam de ter onde deixar os bebés para poderem ir trabalhar porque lhes arranjamos trabalho”, explicou.
Aquela responsável adiantou ainda já estar concluído o projeto de arquitetura e que a nova creche resultará de uma candidatura aprovada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. “Temos praticamente um ano para lançar o concurso e estamos na fase de oferta de contratação pública para a empresa de construção”, acrescentou.
A instituição apresentou ainda uma candidatura no âmbito da iniciativa Portugal Inovação Social para o ‘Projeto V’ (de viagem) que diz ser igualmente inovador porque visa trabalhar com as crianças de três dos principais acampamentos ciganos do concelho de Faro: na Lejana, no Cerro do Bruxo e nos Braciais. “O projeto está assente na ideia de viagem e pretende proporcionar constantemente a realização de viagens explorativas de outras dimensões e realidades para eles poderem sonhar e ambicionar sair do acampamento”, explicou Maria Filomena Rosa, revelando que o acesso a essas experiências será conseguido mediante a frequência escolar.