Robert Devereux, conde de Essex, que saqueou o Algarve em julho de 1596
Robert Devereux, conde de Essex, que saqueou o Algarve em julho de 1596

A Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro – “FARO 1540” quer que Inglaterra devolva o espólio roubado pelo conde de Essex da biblioteca do bispo do Algarve, D. Fernando Martins de Mascarenhas (1594-1616).

Em assembleia geral, realizada no passado dia 17 do mês passado, a associação aprovou uma moção que pede a devolução a Faro da biblioteca do prelado, confiscada aquando do saque protagonizado pelo corsário inglês, Robert Devereux, em julho de 1596.

O documento lembra que o conde de Essex protagonizou um dos “mais negros episódios da história” da cidade ao saquear e incendiar Faro. “Foi no decurso deste triste incidente, que mancha a memória das boas relações que Portugal mantêm com a Inglaterra desde a assinatura do tratado de Windsor (1386) que o conde de Essex confiscou a valiosa biblioteca”, recorda a associação, lembrando que “em 1600, Robert Devereux doou ao seu amigo Thomas Bodley este valioso espólio o qual se encontra depositado na Bodleian Library da Universidade de Oxford desde a sua inauguração em 1602”.

A associação recorda que a biblioteca de D. Fernando de Mascarenhas, constituída por 65 títulos (num total de 91 volumes), representa, juntamente com o único exemplar remanescente do “Pentateuco” – “possivelmente o primeiro incunábulo impresso em Portugal” por Samuel Gacon na sua oficina tipográfica em 1487e que se encontra na British Library –, “um dos mais importantes tesouros culturais farenses”.

Considerando o “valor histórico, cultural e simbólico” “inestimável” para Faro e para a população algarvia do espólio saqueado, a associação solicita agora junto dos representantes do governo britânico e da Universidade de Oxford, a devolução do mesmo, estimando que o processo para a sua restituição se inicie. “Estamos certos de que as autoridades britânicas saberão reconhecer a justiça da nossa pretensão e que farão justiça a um país amigo (onde vigora entre os dois países a mais antiga aliança diplomática do mundo) e a uma cidade que se orgulha da sua história milenar e do seu contributo para a cultura portuguesa e europeia”, refere a moção aprovada.