O Parlamento discute hoje um projeto-lei do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) destinado a aumentar o número de praias de nudismo e a assegurar a quem não pratica nudismo a informação adequada sobre o tipo de praia existente num determinado local.

O Algarve foi a primeira região de Portugal a ganhar uma praia naturista delimitada nos termos da lei – praia do Barril – com o então presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia.

Em declarações à Lusa, Macário Correia afirma que o projeto-lei "abre muitas possibilidades" e que tem de haver "algum equilíbrio" entre interesses dos naturistas e interesses das pessoas com credos diferentes.

Na opinião do autarca de Faro, deputado no Parlamento em 92/93 quando o atual diploma foi aprovado, é necessário prever "mecanismos para proteger os não naturistas".

O presidente de Albufeira, concelho com 25 praias, também não tem nada contra o projeto-lei, mas Desidério Silva refere que ao longo de 18 anos à frente daquela autarquia nunca foi feita uma abordagem de cidadãos ou associações para a existência de uma praia para nudistas.

"Nem todas as frentes mar têm condições para promover praias de naturistas. Neste concelho as praias pegam umas com as outras, há muitos aglomerados urbanos e por isso nunca foi prioritário porque não há um grande número de adeptos do naturismo", explicou o autarca.

Desidério Silva está disponível para "ponderar" a legalização de areais para naturistas e aponta a Lagoa dos Salgados como uma das possibilidades.

O autarca de Loulé, concelho onde estão localizados os mais luxuosos empreendimentos turísticos de Portugal, como Vale do Lobo, Quinta do Lago, Vilamoura, também concorda com o projeto lei de Os verdes, nomeadamente sobre a questão do poder dado aos município para decidir quais as praias destinadas ao nudismo.

"Parece-me bem que sejam os responsáveis pelos municípios a decidir, porque estamos mais próximos das populações", fundamenta Seruca Emídio, que mostrou disponibilidade em "apreciar" e "discutir" com os empresários hoteleiros quais as melhores áreas para nudismo no seu concelho.

"Acho preferível que se identifiquem os locais para praticar naturismo, porque assim só lá vão os praticantes, que escusam de esconder-se atrás dunas", argumenta Seruca Emídio.

José Amarelinho, o autarca da Câmara de Aljezur – concelho com 10 praias – afirma que "não têm nenhum preconceito ou tabu" sobre o novo projeto-lei em discussão até porque no seu concelho, a Praia das Adegas é "100 por cento naturista".

O presidente da Câmara de Lagos, Júlio Barroso, considera a proposta de projeto-lei "com interesse", justificando com o crescente número da prática de nudismo nas praias.

"É uma situação que não me choca absolutamente nada, porque cada vez tem mais seguidores", argumentou o autarca, recordando que aquele município algarvio "é um dos que tem praias" onde é permitido o nudismo.

Para o autarca, as distâncias das áreas ou equipamentos urbanos dos locais e areais autorizados para os naturistas "deverá ter sempre em conta vários fatores que devem ser ponderados na altura em que tiver que ser analisado".

Em Portugal há seis praias legalizadas, todas a Sul do Tejo, e um parque de campismo.

As zonas naturistas têm de ter uma distância nunca inferior a 1 500 metros do mais próximo aglomerado urbano, mas o projeto-lei de Os Verdes defende que 500 metros é o suficiente.

Lusa