Segundo fonte do Ministério da Economia e Emprego, o acordo visa a prospeção numa área mínima de 1.500 quilómetros quadrados, que constitui “uma espécie de radiografia sísmica do fundo marinho em 3D”.

A concessão terá um período de oito anos e desenvolver-se-á em quatro áreas, entre a zona económica exclusiva de Espanha e a barra de Santa Maria, frente a Faro, não envolvendo qualquer exploração de jazidas, mas “apenas o estudo da existência de jazidas”, assegurou a mesma fonte.

O presidente da Câmara de Faro, Macário Correia (PSD), disse à Lusa que a prospeção o deixa “tranquilo e sem preocupações de maior”, depois dos esclarecimentos que ouviu da parte do Ministério da Economia, há cerca de dois meses.

“Estou esclarecido sobre o assunto e não tenho reservas, é uma ação sem consequências para a região de momento, é uma mera prospeção, depois se verá”, acrescentou.

Por seu turno o presidente da Câmara de Olhão, Francisco Leal (PS), chama a atenção para a necessidade de garantias ambientais e de contrapartidas, em caso de futura exploração de jazidas.

“Não sou contra, tratando-se de uma prospeção, mas temos que ter garantias de que não há problemas ambientais para uma zona tão sensível como é a Ria Formosa e de que há contrapartidas para as populações desta região”, disse.

Segundo o autarca, na reunião de há dois meses com o secretário de Estado da Energia, os autarcas receberam garantias de que no futuro a possível exploração de gás natural poderia criar 2.000 postos de trabalho na região.

No encontro, sublinhou, foi dada ênfase à possibilidade de descoberta de gás natural, mas “se for petróleo o risco é maior e teríamos que analisar pormenorizadamente os planos e as distâncias da costa”.

Para o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes (PSD), o que está em causa é a prospeção de gás natural, que já está a ser explorado a poucas milhas de distância de Vila Real, no Golfo de Cádis”.

“Temos garantias de que não se fala de exploração até 2016”, afirmou, observando que a eventual descoberta de jazidas “ajudaria à poupança na fatura energética do país”.

A Lusa não conseguiu falar sobre o assunto com os presidentes das câmaras de Tavira, Jorge Botelho (PS), e Castro Marim, José Esteves (PSD).

O acordo a assinar na sexta-feira, que prevê um investimento de 60 milhões de euros nos três primeiros anos, começou a ser negociado sob a tutela do anterior Governo e permitirá o conhecimento detalhado da geologia do sotavento algarvio.

Na terça-feira, o deputado social-democrata Mendes Bota questionou o Governo sobre a assinatura do contrato de prospeção e alertou para as reduzidas vantagens e os riscos ambientais da eventual exploração.

Num documento entregue à presidência da Assembleia da República, tendo como destinatário o Ministério da Economia e do Emprego, o parlamentar algarvio critica a opção e questiona o Governo se “está ciente” dos riscos de uma maré negra “para um ecossistema ambientalmente tão valioso e sensível como é o Parque Natural da Ria Formosa”.

Lusa