O bispo do Algarve deixou no último sábado o desafio a cada finalista deste ano letivo da Universidade do Algarve (UAlg) de que possa “assumir-se como construtor da paz”.

D. Manuel Quintas, que presidiu à celebração da tradicional bênção das pastas no campo de futebol do Complexo Desportivo da Penha, em Faro, pediu aos estudantes que o procurem ser “em todas as situações” e a “todos os níveis: pessoal, familiar, social, laboral”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Chegou o tempo de frutificar, de assumir a sabedoria de uma vida vivida como dom e serviço aos outros, presente na pessoa de Cristo e na novidade do reino que Ele veio anunciar, presente na defesa da pessoa humana e da promoção da sua dignidade, particularmente dos que menos condições têm de a conseguir. Chegou a hora de assumir sem reservas, em todas as situações e circunstâncias, a defesa da vida humana em todas as idades. Chegou a hora de cada um se assumir como construtor da paz através de um compromisso pessoal permanente”, afirmou na celebração que contou com a presença do capelão da UAlg, o cónego César Chantre, e foi concelebrada pelo vigário para a pastoral da Diocese do Algarve, padre António de Freitas.

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D. Manuel Quintas, que se referiu concretamente à guerra na Ucrânia, realçou que “a paz é efetivamente um bem inestimável, a aspiração mais profunda da pessoa, condição essencial para o progresso e o bem-estar, fonte de segurança e de esperança para todos”.

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O bispo diocesano pediu ainda aos alunos que nunca deixem de “sonhar um mundo mais justo, um mundo melhor”. “Não vos acomodeis, nem vos resigneis perante as dificuldades. Não vos deixeis seduzir pelos facilitismos de uma sociedade de consumo. Não vos deixeis escravizar pelo que anula a liberdade e a dignidade, cria dependências e conduz a uma vida marcada pelo fracasso e pela desilusão”, apelou, acrescentando que “os sonhos mais belos conquistam-se com esperança, paciência, persistência e determinação, resistindo à tentação do resultado imediato”.

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Considerando que “um jovem que deixa de sonhar assume-se como um idoso prematuro, resignado e acomodado”, D. Manuel Quintas defendeu que “a realização pessoal e a conquista da verdadeira felicidade passam pela coragem e pela ousadia em ser «semente», ou seja, em colocar a própria vida e o saber adquirido ao serviço dos outros e do mundo”.

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“Todos os dons presentes em cada um de nós na sua diversidade, pluralidade e complementaridade, que nos definem, diferenciam, caraterizam e enriquecem como pessoas, começam por ser «sementes» que reclamam ser «frutos» e se orientam para o mesmo fim: o serviço do bem comum”, complementou o responsável católico, deixando aos estudantes a “certeza” de que Deus “nunca deixará de estar” com eles no “novo caminho” que a partir de agora se preparam para percorrer.

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D. Manuel disse-lhes ainda que “o fruto por excelência de todos os dons é a sabedoria com qualidade únicas e inconfundíveis” como a “simplicidade, mansidão, generosidade, compreensão, misericórdia, autenticidade”.

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Aquela celebração marcou o regresso da bênção das pastas sem restrições devido à pandemia e o reitor da UAlg lembrou esse período difícil que aqueles finalistas souberam ultrapassar. “A maioria de vós, os que frequentam cursos com a duração de três anos, ingressou na universidade em setembro de 2019, há pouco mais de dois anos e meio. Uma parte substancial deste tempo foi vivido sobre restrições nunca antes experienciadas pelas atuais gerações. Aprendemos que nada está adquirido e que tudo pode mudar rapidamente. Todos vivemos uma experiência única, não antecipada nem desejada. Não foi fácil para ninguém. Não foi fácil para vós, como não foi fácil para os professores e para todos os funcionários não docentes. Também não terá sido fácil para as vossas famílias e para os vossos amigos. Mas o mais importante é que que não desistiram, mostraram resiliência, ultrapassaram dificuldades, das fraquezas fizeram forças e aqui chegaram”, afirmou Paulo Águas.

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Também o presidente da Associação Académica da UAlg se considerou aquela uma “travessia longa na estrada do isolamento, do distanciamento, da falta de afeto e fraternidade”. “A pandemia mudou a nossa maneira de viver, colocou a nossa liberdade em causa e criou mudanças estrondosas no processo de aprendizagem de todo e qualquer estudante. A forma como se adaptaram a esta nova realidade colocou-vos aqui hoje porque não desistiram, foram audazes e resilientes e terminaram a vossa etapa na Universidade do Algarve”, afirmou Fábio Zacarias.

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Já o vice-presidente da Câmara de Faro destacou o “momento de começar a fazer as escolhas que, na sua maioria, serão definidoras das vidas de cada um”. “Serão também definidoras da sociedade que queremos e teremos no futuro”, lembrou Paulo Santos, referindo-se ao “novo ponto de partida”. “Os maiores desafios começam agora, mas cada um de vós tem na mão o seu destino e a oportunidade de poder fazer acontecer. O caminho a partir daqui imprevisível e as possibilidades são infindáveis”, sustentou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A celebração, animada pelo grupo ‘Vox Cordis’, que contou também com as atuações das tunas da UAlg – ‘Versus Tuna’, ‘Real Tuna Infantina’ e ‘Feminis Ferventis’ –, fez memória dos quatro alunos, do professor e da funcionária não-docente falecidos no último ano e prosseguiu com o compromisso dos finalistas, a oferta ao bispo do Algarve de um ramo de flores com as fitas de cada curso e a entrega dos donativos recolhidos para serem enviados para São Tomé e Timor.