O bispo do Algarve disse hoje que os 53 anos de trabalho dos padres da congregação do Santíssimo Redentor (redentoristas) no Algarve foram uma “grande sementeira”.
“Falar desta presença é falar de vida, de doação, de entrega, de uma grande sementeira que eles realizaram nestas terras algarvias ao longo destas décadas”, afirmou D. Manuel Quintas na Eucaristia da entrada do novo pároco e do vigário paroquial das paróquias de Barão de São Miguel, Bensafrim, Luz de Lagos, Santa Maria e São Sebastião de Lagos.
“Foram tantos os que passaram por aqui. Tanto bem semeado… A partilha com este povo, partilha da vida e da morte também, partilha de sonhos, de encantos, desencantos, projetos, concretizações”, prosseguiu.
De entre tantos, o bispo do Algarve destacou o padre António Ferreira, falecido o mês passado, que fez parte da primeira e desta última comunidade redentorista em Lagos. “Ele próprio foi semente porque o corpo dele foi semeado aqui, ficou aqui. Faleceu e foi sepultado aqui. É semente lançada à terra. É o testemunho desta sementeira”, sustentou.
D. Manuel Quintas disse estar certo de que a sementeira redentorista no Algarve “há de continuar a frutificar”. “E espero que também em vocações sacerdotais, missionárias, religiosas”, acrescentou.
Aquele responsável católico do Algarve advertiu que “se algum dia alguém quiser escrever a história” daquele município nos últimos 50 anos e “omitir este serviço dos missionários redentoristas, é uma grande falha, é algo que não corresponde à verdade, que não reflete a realidade daquilo que foi vivido”.
D. Manuel Quintas testemunhou ainda como “os missionários redentoristas, na pessoa do padre Rui Santiago [superior provincial da congregação], fizeram tudo o que lhes foi possível para poder continuar”. “Mas a realidade também mostra que não tinham possibilidade de responder. E responderam a tudo o que lhes pedi”, contou, explicando que, apesar de este ter sido um ano “muito difícil”, os missionários condescenderam a ficar até final de julho.
O provincial dos redentoristas agradeceu aos paroquianos daqueles sacerdotes, considerando que “amaram e amaram bem”. “Perdoam muito e relativizam muito e continuam a gostar de nós e a querer-nos bem. Não é comum encontrar um espírito de família como vocês foram gerando e criando nestas décadas. O que vos posso pedir é que dêem esse testemunho de família, de rede, de ligação, de carinho, de mimo ao Nelson e ao Vasco [novo pároco e vigário paroquial]. Que eles não venham encontrar outros”, pediu.
O padre Rui Santiago considerou que, apesar de os redentoristas não serem “os teólogos mais iluminados”, “os homiletas mais inspirados”, “os catequistas mais fecundos”, “os liturgos mais rigorosos” e “os administradores mais organizados”, têm uma qualidade evidente que disse ser o “depósito carismático” que deixam naquelas comunidades: a “proximidade e familiaridade”. “Há uma coisa em que somos bons: somos muito próximos das pessoas, muito familiares, metemo-nos em casa das pessoas muito facilmente, partilhamos a mesa com uma alegria e uma naturalidade muito grande, somos descomplicados, desemproados, despretensiosos. Por isso há uma frase que é muito difícil alguém ouvir da nossa boca no contexto pastoral: «não tenho tempo!». Nós temos tempo! As pessoas aqui estão habituadas a que tenhamos tempo para estar sentados a ouvi-las”, acrescentou, pedindo aos novos padres que ali “colham destes frutos”.
A comunidade algarvia da congregação do Santíssimo Redentor, pela qual passaram mais de 20 missionários, foi fundada em Lagos em 1969, e era até agora composta pelos padres Abílio Almeida, António Marinho e Silvério Rato. O padre Abílio Almeida veio para Lagos em 1986 e o padre Silvério Rato em 2015. Este ano, veio o padre António Marinho ajudar no trabalho nas comunidades por causa dos colegas se encontrarem doentes.
Para além do padre António Ferreira, a primeira comunidade redentorista no Algarve foi fundada por mais dois sacerdotes: os padres José Paulo Fernandes e Faustino Caldas Ferreira.
Em 2019, a Congregação do Santíssimo Redentor completou 50 anos de presença no Algarve e a Câmara de Lagos distinguiu a comunidade algarvia com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro.