O bispo do Algarve benzeu no passado dia 25 de janeiro a primeira fase da obra de ampliação e remodelação do edifício da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, Centro de Dia e Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Na bênção, que decorreu durante a sessão de apresentação da obra, após a sua conclusão, D. Manuel Quintas realçou que edificações como aquela “não são fruto de uma pessoa só, nem sequer de uma instituição só”. “Tem de ser uma conjugação de esforços, de apoios. Não podemos pretender isolar-nos naquilo que é o serviço comunitário. Com a colaboração e a participação de todos só assim é possível abraçar-nos e criarmos condições para um serviço mais digno, mais acolhedor”, referiu.

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O bispo diocesano disse ser “preciso que haja todas as condições para que quem é frágil e vulnerável encontre as condições para ser tratado com a dignidade que merece”, pedindo “que se ofereça a possibilidade de a dimensão espiritual estar presente porque isso dá serenidade, harmonia e equilíbrio à pessoa”.

“A nossa presença aqui quer significar o apreço, o reconhecimento para com esta Santa Casa da Misericórdia por esta obra realizada, por este esforço e por ter conseguido este objetivo. Gostaria que visse na minha presença um estímulo e um encorajamento a prosseguir apesar das dificuldades que aparecem sempre”, disse ainda ao provedor.

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Aquele dirigente fez questão de sublinhar não se tratar de uma inauguração por ser “uma obra que não está acabada”, explicando que a remodelação vai ainda a meio. “Com a intervenção no edifício vamos mais tarde aumentar a capacidade desta resposta e, sobretudo, criar melhores condições, mais conforto e instalações mais modernas, criando um bom ponto de partida para fazer talvez um novo aumento da capacidade e dotando este edifício de uma boa estrutura para uma nova lavandaria e uma nova área pessoal”, anunciou Júlio Pereira, explicando que a ampliação e remodelação oferecerá “mais segurança e mais respostas” às necessidades da instituição.

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O provedor esclareceu que a obra trará “melhores condições de trabalho para todos os colaboradores” e “uma rede de abastecimento de água totalmente remodelada com maior eficiência hídrica”. Júlio Pereira disse ainda que a eficiência será também ao nível energético com a criação de “uma nova rede elétrica” e “produção de energia para autoconsumo”.

Disse ainda que a obra dotará também o edifício de uma nova rede de comunicações por cabo e wifi com internet e televisores em todos os quartos e de um sistema de vigilância automática, no interior e no exterior, garantindo “mais segurança para todos”, e de “espaços com melhores acessibilidades e novas zonas de evacuação”, para além de novo mobiliário em todo o edifício e camas articuladas.

“É para vós [utentes] e só para vós que fizemos este esforço. É para vós que temos estado a trabalhar e que vamos continuar a trabalhar”, declarou o provedor, lembrando que as obras, iniciadas durante a pandemia de Covid-19, resultaram de um “projeto iniciado há mais de 10 anos ainda com a anterior mesa administrativa” e de um “trabalho intenso” que se seguiu. Júlio Pereira agradeceu a todos os trabalhadores que fez questão de nomear individualmente.

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O presidente da Câmara de São Brás também agradeceu aos cerca de 100 funcionários que trabalham na instituição, garantindo o funcionamento de cerca de 14 valências, desde a primeira infância aos mais idosos, para servir os cerca de 500 utentes. “É um apoio extraordinário às famílias, um apoio à dignidade daqueles que vão envelhecendo”, considerou Vitor Guerreiro.

“Este investimento é para nós, para a minha geração e até para os mais jovens. Estamos a trabalhar para o futuro e não só para o presente. Cada vez temos de dar e inovar mais respostas porque, felizmente, as pessoas vivem mais anos, mas também precisam de mais cuidados”, acrescentou na presença duas utentes daquela instituição que testemunham a constatação: D. Maria da Conceição (na foto, na cadeira de rodas), de 112 anos, a quem é atribuído o título de pessoa mais idosa de Portugal, e de D. Apresentação, de 104 anos.

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O autarca explicou que a fase agora concluída, que permitiu avançar com instalações para 22 novos utentes e aumento das valências e qualidade dos serviços no Centro de Dia e Apoio Domiciliário, representou um investimento de 1,9 milhões de euros, financiado em 1,2 milhões, através de fundos comunitários através do FEDER e do Programa Regional CRESC Algarve 2020, e de uma comparticipação do Fundo Rainha D. Leonor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e da União das Misericórdias Portuguesas no valor de 300 mil euros.

Vitor Guerreiro revelou ainda que o “investimento global e a requalificação do restante edifício com todas as regras que são exigidas de eficiência energética, conforto, segurança e qualidade” será na ordem dos 4 milhões de euros.

O provedor Júlio Pereira acrescentou no “esforço de muitos” também “o apoio financeiro do município”. “Conseguimos com estes patrocínios quase 2 milhões de euros e isso é significativo no levantar e na conclusão desta obra. E agora temos esperança de que por um lado o património da Misericórdia possa ajudar a concluir a obra, mas ao mesmo tempo estamos com esperança e contamos correr atrás de outros apoios de forma que esta obra vá a bom porto”, prosseguiu.

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O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, responsável pela gestão dos fundos europeus, concordou com D. Manuel Quintas, considerando que a obra “só é possível com a junção de vontades”. “Ninguém faz nada sozinho. Precisamos de juntar vontades no território, nas regiões, com as diferentes entidades para conseguir fazer estas obras”, confirmou José Apolinário, defendendo a necessidade de se “continuar a defender a política de coesão de base regional”.

“A CCDR não é apenas a fonte dos fundos, mas tem de ser a entidade que faz a coordenação das políticas públicas no território”, afirmou, desafiando as IPSS à apresentação de candidaturas a fundos do Portugal 2030 de projetos na área da eficiência energética.

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Já o presidente do Secretariado Regional da União das Misericórdias (UM) considerou que o “edifício principal” daquela instituição “há muito que está construído”, referindo-se aos seus trabalhadores e utentes. “Mas, quero dar-lhe os parabéns, porque esse edifício com paredes novas dá mais alento e ficamos mais satisfeitos, principalmente quem trabalha aqui e quem usufrui desta Misericórdia”, disse Armindo Vicente ao colega de São Brás.

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A administradora executiva do Fundo Rainha D. Leonor lembrou que ele apoia, para além de intervenções de recuperação do património, obras que comportem “inovação social” e que no Algarve já apoiou também projetos das Misericórdias de Alcantarilha, Castro Marim e Faro. Inês Dentinho resumiu que o Fundo “resulta na possibilidade de devolver intactos os direitos das pessoas mais velhas” e explicou que o desejável nas obras apoiadas é que os utentes “não se levantem só para ir para a sala grande, para a cadeira que é o seu território à espera da refeição seguinte”.

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A diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social enumerou os “excelentes” exemplos de equipamentos levados a cabo pelas Misericórdias do Algarve, considerando que tal se deve à parceria entre aquelas entidades e a UM. “As IPSS e as Misericórdias trabalham para a comunidade e é muito bom quando a comunidade se junta – municípios, Segurança Social, Misericórdias, CCDR – para dar resposta à população e vemos a população aparecer e reconhecer este trabalho em conjunto”, afirmou Margarida Flores, considerando que “as Misericórdias também trabalham muito no âmbito da rede social e são uma mais-valia” para ela.

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Depois da sessão de apresentação, que também contou com a presença do pároco local, padre António Farias, realizou-se o descerramento de duas placas evocativas e decorreu uma visita ao edifício, tendo a cerimónia sido encerrada com um porto de honra, momento que incluiu a atuação da Charola da Mesquita.

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