O bispo do Algarve confessa que a eleição do Papa Francisco constituiu uma “agradável surpresa”.
D. Manuel Quintas, numa entrevista concedida por escrito à agência Lusa, mostrou-se surpreendido pelo facto de os cardeais terem chegado a um “consenso em pouco mais de 24 horas”, mas também pelo pontífice ter sido escolhido “fora do âmbito geográfico da Europa” e por ter adotado o nome de Francisco, “com tudo o que este nome evoca de simplicidade, radicalidade evangélica e autenticidade de vida”. “Francisco I através desta opção pessoal, unida aos gestos e à linguagem assumidos na primeira intervenção perante a cidade de Roma e o mundo, disse-nos qual é o programa pessoal e pastoral com que pretende inspirar o seu ministério como sucessor de Pedro”, refere o prelado.
O bispo do Algarve considera que o “primeiro desafio” da eleição de Francisco I para a Igreja “reside na resposta de cada um dos seus membros em apoiá-lo e acompanhá-lo naquele que já começou a ser o seu estilo próprio”. “Um estilo profundamente evangélico que pretende imprimir a toda a Igreja”, sustenta.
D. Manuel Quintas adianta que irá empenhar-se em “corresponder a este primeiro desafio, com a coragem e a fidelidade que lhe estão inerentes” e espera envolver igualmente a Diocese do Algarve e cada uma das suas comunidades.
O prelado considera que as comparações entre Francisco e os anteriores papas “serão úteis apenas e na medida em que ajudarem a salientar o que é específico no estilo pessoal de exercer este mesmo serviço”. “As diferenças são naturais e são salutares… Quando as acolhemos como complementares no mesmo serviço à Igreja, realizado por pessoas diferentes e em épocas históricas diferentes, surpreendem-nos sempre e de modo positivo, como aconteceu com Bento XVI”, complementa.
O bispo mostra-se convicto de que o Papa Francisco surpreenderá, “sem se sujeitar a comparações, aproveitando certamente o testemunho específico dos seus antecessores, mas afirmando o seu modo próprio de exercer o ministério petrino a que foi chamado”.
D. Manuel Quintas destaca ainda que o novo Papa foi o “primeiro oriundo da Companhia de Jesus, mas não o primeiro Papa proveniente de um instituto religioso”. “Muitos, antes dele na história da Igreja, são originários de congregações religiosas”, ressalva.
Samuel Mendonça