«Quando acolhida na fé e expressão do amor de Deus, desinstala, obriga a levantar-se, põe em movimento, torna-nos peregrinos e contínuos perscrutadores da sua vontade», afirmou D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve, na sua homilia da eucaristia do II Domingo da Quaresma, transmitida digitalmente a partir da Capela do Seminário de Faro.

A importância da Palavra de Deus na vida de cada cristão foi sublinhada pelo prelado algarvio, que relacionando a vida peregrinante de Abraão, com a vida da humanidade de hoje, quis evidenciar «que essa Palavra se torna o único conforto que levamos no nosso farnel ou mochila de peregrinos».

Continuando a sublinhar a importância de Abraão para a caminhada dos cristãos, rumo à Páscoa, referiu que este nos ajuda a «rever as nossas prioridades: a dar a Deus o lugar que lhe é devido; a não O confundir com substitutos que fabricamos e que condicionam opções, desvirtuam valores, invertem prioridades e critérios de vida; a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece desmoronar-se à nossa volta e os caminhos de Deus se revelam estranhos e incompreensíveis». Acrescentou, ainda, que se deve confiar em Deus mesmo «quando os nossos projetos não se concretizam, quando não encontramos resposta para o sofrimento, o mal-estar e a ansiedade provocada pela situação que vivemos».

«Serenidade e confiança» em Deus e a partir da sua Palavra foi um dos convites fundamentais que D. Manuel Quintas dirigiu aos cristãos algarvios. Tal como Abraão, também São Paulo foi apontado pelo Bispo como um autêntico «testemunho de confiança plena em Deus», atestando mais adiante que «para Paulo há um pressuposto fundamental e inquestionável: Deus ama-nos com um amor total, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar» e que este Amor de Deus «se manifestou na pessoa de Cristo, que nos dá a coragem necessária para atravessarmos, com serenidade e o coração cheio de paz, os tempos que vivemos».

Referindo-se, depois, ao relato do Evangelho que narrou o acontecimento da Transfiguração de Jesus, o bispo do Algarve quis evidenciar que «aos discípulos e a nós, hoje, Cristo diz-nos que é necessário descer o monte. É aí que está o caminho para Jerusalém, é aí que está o nosso caminho no qual somos chamados a assumir e a enfrentar os problemas de toda a humanidade, deixando que a luz de Cristo ressuscitado, já presente na sua e na nossa cruz, tudo ilumine».

Na conclusão da sua homilia dominical, D. Manuel Quintas, deixou claro que «só à luz da fé nos é possível entender este modo de agir de Deus, que contraria o nosso modo habitual de pensar e de agir», acrescentando que «a fé em Deus ultrapassa tudo».