Neste último domingo em que presidiu à eucaristia sem a participação presencial de fiéis por causa da pandemia de Covid-19, o bispo do Algarve convidou-os à participação nas missas dominicais das suas paróquias que regressam a partir do próximo fim de semana.

D. Manuel Quintas lembrou os “condicionalismos que há”, “com todas as exigências” que são feitas pelas autoridades, “nomeadamente o número daqueles que podem participar”. “Mas essas exigências não nos devem desanimar, nem desmotivar. Antes pelo contrário, devem ser para nós um estimulo e, ao mesmo tempo, também um empenho, sabendo que pelo menos, cumprindo essas regras e orientações estamos a contribuir para a contenção deste vírus”, afirmou.

O bispo diocesano lembrou que foram 11 semanas em que a celebração da eucaristia, transmitida na internet, procurou suprir a falta da eucaristia presencialmente participada. “Não podemos continuar a ser cristãos deste modo e desta maneira, virtualmente, e sobretudo a alimentarmos-nos de uma comunhão espiritual quando podemos fazê-lo da comunhão sacramental que tanta falta nos faz para reforçar a nossa fé e, sobretudo, a nossa decisão e a nossa coragem na realização da missão que Jesus nos confiou”, afirmou.

“Foi muito bom para mim poder estar convosco, poder estar no meio de vós, fazer parte da vossa família ao longo destes domingos”, complementou.

D. Manuel Quintas agradeceu assim à parceria entre o Folha do Domingo e a Mais Algarve que permitiu fazer chegar a eucaristia ao longo deste tempo à casa dos algarvios, num domingo em que a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais. “É um dia muito expressivo sobre esta particularidade do mundo moderno. Hoje não conseguiríamos viver sem as comunicações sociais. Sabemos a importância que elas têm, as exigências que elas constituem para os seus profissionais e, por isso, queremos ter presente nesta Eucaristia todos aqueles que trabalham neste campo”, referiu, aludindo a um trabalho “exigente mas também imprescindível”. “Quero tê-los a todos presentes, manifestando o meu reconhecimento por todo o esforço que fazem e, sobretudo, pelas dificuldades que encontram em levar a todos os cantos e recantos aquilo que acontece nas diferentes partes do mundo”, sustentou.

O bispo do Algarve lembrou ainda “as crianças que tiveram que adiar a sua primeira comunhão, certamente com muito sofrimento, os jovens que adiaram o seu crisma e até quem teve de adiar também o seu matrimónio”. “Queria tê-los a todos presentes e, naturalmente, aqueles que sofreram de maneira mais direta as consequências desta infeção, desta pandemia e, sobretudo, aqueles que tiveram de realizar exéquias de maneira quase desumana”.

Festa litúrgica da Ascensão de Jesus

A Igreja celebra também hoje a festa litúrgica da Ascensão de Jesus e D. Manuel Quintas realçou a importância de celebrar essa solenidade. “É entender melhor a dignidade e a responsabilidade que o Senhor nos concedeu, incumbindo-nos de O anunciar ao mundo e de O tornar acessível a toda a humanidade, sobretudo a quantos procuram encontrar-se com Ele de coração sincero”, afirmou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve disse ainda que “celebrar a ascensão de Jesus é abrir o coração à esperança que brota da pessoa de Cristo”. “E à esperança associamos também a dimensão da missão e, naturalmente, a alegria”, sustentou, explicando que “a ascensão de Jesus marca assim o fim da missão que o Pai lhe confiara e, ao mesmo tempo, o início da missão que Ele próprio confia à Igreja”. “A partir do momento da ascensão, a presença de Cristo no mundo passa a manifestar-se na ação daqueles que n’Ele acreditam e O anunciam, de modo particular pelo testemunho da sua vida fortalecidos e assistidos pelo Espírito Santo que Jesus lhes promete, fonte permanente de confiança e de segurança na realização da missão”. “Deste modo, celebrar a ascensão de Jesus é recordar a razão de ser da Igreja que existe para anunciar o evangelho ao mundo”, concluiu.

D. Manuel Quintas disse que se deve “colocar a missão de Jesus no coração da própria Igreja, de cada um dos seus membros, transformando-a em critério para medir a eficácia das estruturas, os resultados do trabalho, a fecundidade dos seus ministros e a alegria que são capazes de suscitar”. “A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. A ação missionária é, verdadeiramente, o paradigma de toda a obra da Igreja. Assim sendo não podemos ficar tranquilos, em espera passiva. «É necessário passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária», recorda-nos também este Papa”, afirmou.