O rito da Vigília Pascal, considerada como o coração do ano litúrgico e a mãe de todas as vigílias, tem início com a liturgia da luz que consiste na bênção do fogo, na preparação e acendimento do círio pascal no lume novo (símbolos da luz da Páscoa que é Cristo, luz do mundo), seguindo-se a entrada na igreja às escuras que vai sendo iluminada pela chama do luzeiro.
Foi também assim esta noite em todas as paróquias do Algarve e na Sé de Faro, onde presidiu o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas aproveitou a imagem para manifestar um desejo. “Como era bom que esta luz pudesse brilhar também esta noite na mente e no coração daqueles que decidem o futuro da humanidade e que se desfizesse as trevas causadas por todas as guerras, onde há sempre mortes inocentes, destruição, devastação, desumanidade”, afirmou aquele responsável católico, considerando que as imagens que chegam todos os dias da Ucrânia isso mesmo o confirmam. “Nenhuma guerra tem qualquer tipo de proveito, antes pelo contrário”, reforçou.
“Ergamos esta noite uma oração muito forte, muito veemente, que brote verdadeiramente do nosso coração e desta nossa fé em Cristo ressuscitado para que esta luz que é Ele próprio possa brilhar, iluminar as mentes e o coração daqueles que decidem sobre o futuro da humanidade e que estão à frente de todas as guerras, de todas as decisões”, pediu.
D. Manuel Quintas desejou ainda que aquela “luz que desfaz as trevas de todas as noites da história da humanidade” possa fazer parte da vida de todos. “Como era importante que esta luz fizesse parte da nossa vida para desfazer as sombras em que tantas vezes andamos envolvidos, as preocupações, as perplexidades, os medos, as angústias, os pavores”, referiu, considerando a ressurreição de Cristo a “verdade essencial que é proclamada esta noite”, que todos devem levar consigo para a vida e que “deve estar presente” “em todas as situações da vida da humanidade”.
Na noite em que os cristãos celebram o acontecimento mais importante da sua fé – a ressurreição de Jesus Cristo – que a fundamenta e lhe dá sentido, bem como a tudo o que dela e nela se inspira, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração para aguardarem a ressurreição de Cristo e celebrarem-na nos sacramentos. Para além da liturgia da luz ou “lucernário”, a Vigília Pascal conta ainda com mais três partes: a liturgia da palavra, a liturgia batismal e a liturgia eucarística.
O bispo do Algarve também destacou a presença do ressuscitado nessas dimensões. “Também a palavra ilumina a nossa vida e desfaz as trevas em que tantas vezes andamos envolvidos. Se Cristo ressuscitado está presente na luz do círio, na sua palavra, também está presente nesta água que vai purificar, lavar e dar a vida”, acrescentou D. Manuel Quintas, que batizou na vigília uma adulta, que foi também crismada e que realizou a primeira comunhão. O bispo diocesano lembrou que esta noite na diocese seriam “mais de três dezenas de adultos” os que receberiam igualmente os sacramentos da iniciação cristã: batismo, confirmação (crisma) e eucaristia. O bispo diocesano disse ainda que “Cristo está presente de modo único, sacramental e real nas espécies do pão e do vinho”. “Foi Ele que quis assim, que quis ficar para sempre connosco”, realçou na vigília em que destacou que a ressurreição de Cristo é “garantia” da ressurreição de todos.
Após a proclamação do precónio pascal, a liturgia da Palavra compôs-se das sete leituras do Antigo Testamento que recordam a história da salvação e das duas do Novo Testamento. A liturgia batismal teve início com o canto da ladainha dos santos, a bênção da água (o outro símbolo da noite) e a aspersão de toda a assembleia com a água benta depois da renovação das promessas batismais e da oração universal.
Para além do batismo realizado, o bispo do Algarve administrou o sacramento do Crisma a quatro adultos, alguns dos quais fizeram também a primeira comunhão.