D. Manuel Quintas baseou a sua reflexão na exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, ‘Christus Vivit’

O bispo do Algarve destacou hoje que “celebrar a Páscoa é acolher na fé e na vida Cristo vivo”. “Este é o grande anúncio pascal”, sustentou na Eucaristia da solenidade da Páscoa a que presidiu na Sé de Faro, acrescentando: “Sim, Ele vive e quer estar presente na nossa vida, em cada momento, para a encher de luz”.

D. Manuel Quintas acrescentou que este anúncio serviu de título à exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, Christus Vivit, dirigida em 2019 particularmente aos jovens de todo o mundo, após o Sínodo que refletiu sobre a sua realidade. Foi com base nesse documento que o bispo diocesano fez a sua homilia.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Gostaria em dia de Páscoa, de dar voz a este anúncio por considerá-lo eminentemente pascal, tendo presente o tempo conturbado que vivemos, como Igreja em Portugal, e também as convulsões que caraterizam presentemente o nosso tecido laboral e social. Estou certo de que esta referência contribuirá para nos sensibilizar ainda mais para acompanharmos e participarmos no caminho que os nossos jovens estão a percorrer, rumo à Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, nomeadamente na resposta ao pedido de apoio para o acolhimento familiar de jovens de outros países que nos pedem hospitalidade para os ‘Dias na Diocese’ que precedem precisamente essas jornadas”, afirmou.

O responsável católico realçou que o anúncio “inclui três afirmações fundamentais” que destacou: “Deus ama-te; Cristo salva-te; Cristo vive e quer-te vivo”. “Foi para nos mostrar este amor que Jesus encarnou, viveu, morreu e ressuscitou. Efetivamente, cada um de nós deve considerar-se o tesouro mais valioso para Deus. Somos obra das suas mãos. Por isso nos dá toda a atenção que precisamos, porque nos trata com o carinho de um Pai. Ele não regista, nem armazena os nossos dados negativos; a sua memória é um coração terno de compaixão, que se alegra e elimina, definitivamente, qualquer vestígio de mal”, começou por referir D. Manuel Quintas.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Cristo salvou-nos e continua a salvar-nos, hoje”, prosseguiu, acrescentando que esta convicção deve levar a “uma decisão sem reservas”: “deixar-se amar, deixar-se perdoar, deixar-se salvar”. “Ele perdoa setenta vezes sete (que quer dizer sempre). Põe-nos aos ombros as vezes que forem necessárias. Ninguém nos poderá tirar a dignidade que esse amor infinito e inquebrantável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar sempre de novo, com uma ternura que nunca nos desilude, capaz de nos devolver sempre a verdadeira alegria”, desenvolveu.

O bispo do Algarve lembrou que o amor de Deus “é maior do que todas” as “contradições e fragilidades” e do que “todas” as “quedas”. “O seu amor não tem preço, por isso não se compra, tal como não tem preço nem se pode comprar o amor verdadeiro. É dom gratuito e inesgotável, que brota da cruz. Perdoa-nos e liberta-nos de graça. Só temos de agradecer e de partilhar este dom”, acrescentou.

“Não podemos correr o risco de considerar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como alguém que nos salvou há dois mil anos. Isso não nos serviria de nada, deixar-nos-ia iguais, não nos libertaria”, advertiu, acrescentando que “apoiados n’Ele, vivo e ressuscitado” todos estarão “alicerçados em rocha firme”. “Viveremos e atravessaremos toda a espécie de tormentas, que se abatem sobre nós no caminho da vida”, sustentou.

Por fim, o bispo do Algarve considerou que “a cultura hodierna aponta caminhos ilusórios (e não só aos jovens) na procura da verdadeira felicidade: a ansiedade nervosa, que dispersa e desnorteia e pode conduzir a diversas formas de violência e agressividade, mesmo verbal e em família; o negativismo e a tristeza; a instalação cómoda, consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade, sem encontro com Deus e sem lugar para Cristo, que reinam no mercado religioso atual”.