O bispo do Algarve destacou na apresentação do Programa Pastoral da Igreja algarvia para este ano 2020/2021, que decorreu no passado sábado de manhã em Quarteira, que “recomeçar a partir de Cristo significa estar na linha da frente para vencer a indiferença na resposta aos anseios mais profundos que brotam do coração humano”, remetendo para a nota pastoral que escreveu no passado mês de agosto.
O Programa Pastoral da Diocese do Algarve tem como tema “Recomeçar a partir de Cristo – «Tende coragem: não tenhais medo!» (Mc 6, 50)” e foi apresentado na igreja de São Pedro do Mar na Assembleia Diocesana com participação presencial reduzida a cerca de 70 responsáveis por causa da pandemia de Covid-19 e transmissão em direto na página do jornal Folha do Domingo na rede social Facebook.
“Para recomeçarmos a partir de Cristo é prioritário encontrarmo-nos com Ele. E este programa exige que nos reencontremos com Ele”, começou por afirmar D. Manuel Quintas, na conclusão do encontro, desafiando a “interpretar os sinais dos tempos”, “numa realidade na qual abundam as zonas de sombra, de mistério, como neste tempo de pandemia”.
O bispo diocesano acrescentou que “quando se parte de Cristo, a espiritualidade de comunhão torna-se uma sólida e robusta espiritualidade da ação”.
Por outro lado, D. Manuel Quintas apelou à participação presencial na comunidade. “Há que fugir à tentação do comodismo, refugiando-nos com uma participação virtual na vida da própria comunidade. A celebração da fé é acima de tudo uma celebração presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão. Sem isto, ela esmorece. O comodismo mata, abafa a fé”, advertiu.
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Já na saudação de abertura da assembleia, após o acolhimento e a oração inicial – na qual se teve presente o bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, tragicamente falecido na véspera – o bispo do Algarve constatou que a pandemia “constituiu uma dura provação, verdadeira travessia no deserto”. “Reconhecemos que este longo período de confinamento abalou profundamente as nossas comunidades”, afirmou, acrescentando, no entanto, que a “prova” constituiu um “tempo de criatividade e fecundidade pastoral”. “Apraz-me, no entanto, registar que este tempo de provação não nos paralisou. Foi gratificante verificar o dinamismo pastoral e a criatividade”, realçou, lembrando as “diversas iniciativas, também online, com o objetivo de ultrapassar estas limitações para fortalecer a fé e manter vivo o sentido de comunidade neste tempo de provação e de ausência comunitária presencial”.
“Estou certo de que tudo isto é fruto da ação do Espírito e garantia de que este tempo de pandemia não é um tempo de ausência, mas de presença de Cristo na Igreja e, através de cada um dos seus membros, da presença de Cristo hoje entre nós”, concluiu.
Depois de ter cumprido um Programa Pastoral trienal, iniciado em 2017, a Diocese do Algarve estava a preparar um novo triénio pastoral que a conduziria até 2023, mas a pandemia de Covid-19 veio provocar uma alteração nos planos.
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“A Igreja do Algarve considerou que seria adequado adiar, por um ano, a entrada no novo Triénio Pastoral para dedicar especial atenção àquilo que são as necessidades da Sociedade e da Igreja algarvia nos próximos meses, àquilo que efetivamente é possível e seguro realizar, e compreendendo o que é verdadeiramente essencial para o viver cristão”, pode ler-se na introdução ao Programa Pastoral para este ano de 2020/2021 que servirá de preparação para o próximo plano trienal adiado por um ano e que procura “apontar caminhos comuns que cada organismo da vida diocesana (de modo especial as paróquias e comunidades locais) deverá acolher, interpretar e implementar conforme a sua realidade, necessidade e capacidade”.
“A Igreja, chamada a ler os sinais dos tempos à luz do Evangelho e com a Sabedoria que vem de Deus, não pode fazer um caminho indiferente às circunstâncias em que vive a humanidade nem viver desencarnada da realidade em que se insere”, justifica o texto.