O bispo do Algarve destacou na apresentação do Programa Pastoral da Igreja algarvia para este ano 2020/2021, que decorreu no passado sábado de manhã em Quarteira, que “recomeçar a partir de Cristo significa estar na linha da frente para vencer a indiferença na resposta aos anseios mais profundos que brotam do coração humano”, remetendo para a nota pastoral que escreveu no passado mês de agosto.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O Programa Pastoral da Diocese do Algarve tem como tema “Recomeçar a partir de Cristo – «Tende coragem: não tenhais medo!» (Mc 6, 50)” e foi apresentado na igreja de São Pedro do Mar na Assembleia Diocesana com participação presencial reduzida a cerca de 70 responsáveis por causa da pandemia de Covid-19 e transmissão em direto na página do jornal Folha do Domingo na rede social Facebook.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Para recomeçarmos a partir de Cristo é prioritário encontrarmo-nos com Ele. E este programa exige que nos reencontremos com Ele”, começou por afirmar D. Manuel Quintas, na conclusão do encontro, desafiando a “interpretar os sinais dos tempos”, “numa realidade na qual abundam as zonas de sombra, de mistério, como neste tempo de pandemia”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo diocesano acrescentou que “quando se parte de Cristo, a espiritualidade de comunhão torna-se uma sólida e robusta espiritualidade da ação”.

Por outro lado, D. Manuel Quintas apelou à participação presencial na comunidade. “Há que fugir à tentação do comodismo, refugiando-nos com uma participação virtual na vida da própria comunidade. A celebração da fé é acima de tudo uma celebração presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão. Sem isto, ela esmorece. O comodismo mata, abafa a fé”, advertiu.

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Já na saudação de abertura da assembleia, após o acolhimento e a oração inicial – na qual se teve presente o bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, tragicamente falecido na véspera – o bispo do Algarve constatou que a pandemia “constituiu uma dura provação, verdadeira travessia no deserto”. “Reconhecemos que este longo período de confinamento abalou profundamente as nossas comunidades”, afirmou, acrescentando, no entanto, que a “prova” constituiu um “tempo de criatividade e fecundidade pastoral”. “Apraz-me, no entanto, registar que este tempo de provação não nos paralisou. Foi gratificante verificar o dinamismo pastoral e a criatividade”, realçou, lembrando as “diversas iniciativas, também online, com o objetivo de ultrapassar estas limitações para fortalecer a fé e manter vivo o sentido de comunidade neste tempo de provação e de ausência comunitária presencial”.

“Estou certo de que tudo isto é fruto da ação do Espírito e garantia de que este tempo de pandemia não é um tempo de ausência, mas de presença de Cristo na Igreja e, através de cada um dos seus membros, da presença de Cristo hoje entre nós”, concluiu.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Depois de ter cumprido um Programa Pastoral trienal, iniciado em 2017, a Diocese do Algarve estava a preparar um novo triénio pastoral que a conduziria até 2023, mas a pandemia de Covid-19 veio provocar uma alteração nos planos.

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“A Igreja do Algarve considerou que seria adequado adiar, por um ano, a entrada no novo Triénio Pastoral para dedicar especial atenção àquilo que são as necessidades da Sociedade e da Igreja algarvia nos próximos meses, àquilo que efetivamente é possível e seguro realizar, e compreendendo o que é verdadeiramente essencial para o viver cristão”, pode ler-se na introdução ao Programa Pastoral para este ano de 2020/2021 que servirá de preparação para o próximo plano trienal adiado por um ano e que procura “apontar caminhos comuns que cada organismo da vida diocesana (de modo especial as paróquias e comunidades locais) deverá acolher, interpretar e implementar conforme a sua realidade, necessidade e capacidade”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“A Igreja, chamada a ler os sinais dos tempos à luz do Evangelho e com a Sabedoria que vem de Deus, não pode fazer um caminho indiferente às circunstâncias em que vive a humanidade nem viver desencarnada da realidade em que se insere”, justifica o texto.