A celebração da tarde, centrada na adoração da cruz, nas igrejas com os altares desnudadas desde a noite anterior, é uma espécie de drama em três actos: proclamação da Palavra de Deus, apresentação e adoração da cruz, comunhão eucarística.
Na Catedral do Algarve, em Faro, a celebração da Paixão do Senhor iniciou-se, como acontece em todo o mundo, em silêncio, com o Bispo da diocese a prostrar-se diante do altar descoberto.
Após a proclamação da Palavra de Deus, particularmente a narração da Paixão de Jesus, D. Manuel Quintas começou por lembrar que a celebração da Paixão e Morte de Cristo acontece sempre que os cristãos se reúnem em Eucaristia, na qual proclamam igualmente a sua ressurreição.
O Bispo do Algarve explicou que, na tarde de Sexta-feira Santa, “ao contemplar a Cristo, seu Senhor e esposo”, a Igreja comemora “o seu próprio nascimento”.
Lembrando que a liturgia solene desta tarde “convida a centrar o olhar de fé e de adoração na cruz de Cristo”, o prelado evidenciou a “lição que podemos aprender da contemplação do crucificado”. “Cristo oferece à humanidade a lição mais importante: a de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou”, sublinhou, garantindo que “a contemplação pode ensinar a compreensão do sentido do sofrimento e da dor causado por tantas formas de violência ou injustiça, abandono, situações extremas de pobreza, doença, adquirindo contornos de solidão, chegando mesmo por vezes à perda do sentido vida”. “Perante esta experiência profundamente humana ou nos deixamos vencer pelo seu peso ou o assumimos generosamente, oferecendo-o como semente fecunda de redenção”, disse, salientando que “é deste modo que a morte de Cristo é geradora de vida”.
A celebração teve continuidade com a Liturgia da Palavra, constituída por um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, a grande Oração Universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade.
Seguiu-se depois a apresentação e veneração da Cruz realizada por uma fila imensa de fiéis e a comunhão da Eucaristia consagrada no dia anterior.
Samuel Mendonça
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