O bispo do Algarve pediu hoje que, evitando necessariamente “voluntarismos imprudentes”, não se deixe “de considerar as consequências de uma sociedade doente, incapaz de acolher e integrar os seus membros mais vulneráveis” em “tempo de pandemia e de confinamento” em que todos são “mais sensíveis a temas como o isolamento, a distância social e as medidas de saúde pública, destinadas a evitar o contágio”.
“Aprovar a eutanásia, sem alternativas de cuidados paliativos, surge neste contexto como um descarte, um lavar de mãos, com uma despersonalização na tarefa de acolher, cuidar, proteger, integrar”, voltou a lamentar D. Manuel Quintas, acrescentando que a ação de Jesus, relatada nas leituras da liturgia de hoje, de ir ao encontro de um leproso, rompendo com as normas recomendadas pela sociedade da época, deve levar a “refletir sobre situações de marginalização e exclusão aos mais diversos níveis”. “Mostra-nos que ninguém deve sentir-se marginalizado ou excluído, todos somos chamados a integrar a família dos filhos de Deus”, acrescentou na eucaristia a que presidiu esta manhã no oratório do Paço Episcopal de Faro.
“Diante de Deus nunca devemos considerar-nos excluídos do seu amor e da sua misericórdia. Nem excluídos nem auto excluirmo-nos. E, menos ainda, termos atitudes de exclusão dos outros, seja em que circunstâncias forem”, prosseguiu, realçando que “Deus quer, tal como um pai, estar sempre envolvido na vida dos seus filhos, sobretudo dos que mais sofrem, que têm sempre um lugar privilegiado no seu coração”. “Deus nunca te abandona, está sempre próximo de ti, ama-te e quer salvar-te”, afirmou na celebração transmitida em direto nos canais digitais da Diocese do Algarve, do jornal Folha do Domingo e da plataforma Mais Algarve.

O bispo diocesano desejou assim que Cristo possa ser a “fonte inspiradora” do “ser” e do “agir” de todos, “particularmente na relação com os outros”. “Como tal, devemos acertar o nosso passo pelo passo de Cristo, encurtando o caminho que nos separa dos outros, desfazendo, se necessário, toda a espécie de obstáculos com as origens mais diversas”, acrescentou ainda, pedindo a cada um que possa “acertar também o ritmo do coração, ou seja o ritmo do amor pelo bater do coração e do amor de Cristo”. “Encontremos ou deixemo-nos encontrar por Cristo para que Ele nos cure e nos liberte de todo o mal e de todas as formas de egoísmo que atrofiam e isolam”, pediu, exortando os “discípulos de Cristo”, a serem “semeadores e testemunhas de esperança e de vida plena”.
“Vamos já no quarto domingo em que nos sentimos impedidos de poder participar plenamente na celebração da eucaristia com as nossas comunidades cristãs”, lembrou o responsável católico, sublinhando que a diocese algarvia continua, “sem esmorecer, a rezar pelas intenções” que a “unem a toda a Igreja, pelas vítimas da pandemia, particularmente os falecidos, os doentes internados nos centros hospitalares ou nas suas casas, bem como os que deles cuidam aos mais diversos níveis”.
O bispo do Algarve deixou ainda uma mensagem especial aos namorados, recomendando-lhes a leitura da mensagem da Comissão Episcopal do Laicado e Família para o dia dos namorados que hoje se assinala, onde se realça ser “muito importante considerar o tempo de namoro como iluminador de toda a vida”. “Quero ter-vos presente também nesta eucaristia, sobretudo a vós que já adiastes mais do que uma vez, o casamento e que estais a passar este tempo com alguma ansiedade. Certamente que este tempo exige uma criatividade muito grande no relacionamento mútuo. Que este tempo não vos desanime, mas vos torne criativos no crescimento no amor próprio deste tempo”, afirmou D. Manuel Quintas.
O bispo do Algarve lembrou ainda o programa de iniciativas anunciado para a Quaresma, que convidou a acompanhar.