Missa_crismal_2014 (21)
© Samuel Mendonça

O bispo do Algarve pediu esta manhã aos padres que não se cansem de evangelizar, sobretudo nas “periferias humanas e geográficas”, e que as estruturas da diocese “se tornem mais missionárias” como deseja o Papa Francisco.

D. Manuel Quintas falava na Missa Crismal a que presidiu na catedral de Faro, tendo quase todos os sacerdotes do Algarve a concelebrar consigo.

“Impelidos pelo espírito, não nos cansemos de difundir por toda a parte o bom odor de Cristo, ou seja, o evangelho da alegria e da esperança, sobretudo nas periferias humanas e geográficas como nos aponta o Papa Francisco”, exortou o prelado.

“Neste dia, e no seguimento de quanto venho afirmando, quero convidar-vos a acolher como Igreja diocesana que somos, o apelo que o Papa Francisco dirigiu a toda a Igreja na recente exortação apostólica [‘Evangelii Gaudium’ (A Alegria do Evangelho)], de modo a encontrarmos os caminhos mais indicados para a conversão pessoal e eclesial que ele nos pede”, prosseguiu.

Neste sentido, desafiou a que todas as estruturas da Igreja algarvia cumpram o “sonho” do Papa e “se tornem mais missionárias”. “Que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. O objetivo destes processos participativos não há-de ser principalmente a organização eclesial, mas o sonho missionário de chegar a todos”, afirmou, citando Francisco e lembrando que este é o seu “sonho” e o seu “programa pastoral” para toda a Igreja. “Este deve ser também o nosso programa. A sua concretização exige de todos os agentes de pastoral, mas de modo particular de nós, padres e diáconos, conversão e renovação, diariamente alimentada na eucaristia”, acrescentou.

D. Manuel Quintas, que louvou a Deus pelo “testemunho” da “doação presente no modo dedicado e generoso” que os padres do Algarve, com os diáconos, consagrados e leigos, manifestam no serviço à Igreja diocesana, lembrou aos sacerdotes o sentido do seu ministério. “A razão do nosso ministério na Igreja não provém de uma herança, nem é fruto de uma conquista ou méritos pessoais. Foi apenas porque Cristo nos seduziu e nós nos deixámos seduzir, tornando-nos participantes do seu sacerdócio”, afirmou.

Neste sentido, o bispo do Algarve deixou claro que “na Igreja, as funções não conferem ou justificam a superioridade de uns sobre os outros, mas sim uma especial capacitação para o serviço”. “Quando falamos do poder sacerdotal, falamos de função e de serviço e não de dignidade ou de santidade. A dignidade e a vocação à santidade provêm do batismo e do crisma, sacramentos a que todos têm acesso. A configuração do sacerdote com Cristo, cabeça, isto é, como fonte principal da graça, não comporta uma exaltação que o coloque por cima dos demais”, advertiu.

“Se amamos Cristo e o dom que ele nos fez, se estamos decididos a percorrer o caminho da renovação interior e da santidade que propomos aos outros, então seremos capazes apascentar o povo que nos foi confiado e de confirmar a sua fé com o testemunho alegre e fiel da nossa vida confiada a Cristo e à Igreja”, acrescentou.

A terminar. D, Manuel Quintas pediu aos leigos que agradeçam a Deus neste dia pelo dom dos sacerdotes. “Estimais os vossos párocos. Rezai cada dia por eles e por mim, para que do nosso amor fiel a Cristo transpareça a nossa amizade fraterna e a nossa entrega sem reservas a esta nossa querida Igreja diocesana”, pediu na homilia (ouvir áudio abaixo), na qual lembrou os padres Augusto de Brito e Hermínio Fernandes falecidos neste ano pastoral de 2013/2014, assim com os 60 anos de ordenação que o padre José Nabais completará a 17 de julho e a celebração das bodas de prata de ordenação do padre António Manuel Martins a 17 de junho.

A unidade e comunhão de todo o presbitério algarvio e de cada comunidade paroquial com o pastor da diocese e o sentido de comunhão eclesial manifestada também na presença de muitos fiéis de todo o Algarve que fizeram questão de acompanhar os seus párocos, marcaram também a celebração.

Durante a Missa Crismal foram ainda benzidos e consagrados os óleos usados durante o próximo ano na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem ou Santa Unção, ou na dedicação dos altares ou de novas igrejas. Particularmente significativo foi ainda o momento da renovação das promessas sacerdotais dos presbíteros presentes.