O bispo do Algarve realçou ontem que “celebrar o Natal constitui sempre um momento privilegiado para renovar a fé, fortalecer a esperança e progredir no caminho da caridade”.

Na Missa a que presidiu na Sé de Faro ao final da manhã de ontem, D. Manuel Quintas acrescentou que “o Natal é também tempo para dar maior autenticidade à caridade” e destacou que os cristãos são “chamados a traduzir” esse amor “em gestos geradores de esperança e de vida” “que atualizam no tempo o mistério do Natal”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“A fé, quando professada e vivida com autenticidade, atua pelo amor e alimenta a esperança, tornando-se um critério decisivo de ação que transforma a vida e assume uma eficácia única na humanização do mundo, no cuidado da Criação e na construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna”, referiu o responsável católico.

“Estes princípios fundamentais inspiram o nosso envolvimento pessoal e coletivo no acolhimento e no apoio aos mais necessitados, aos que mais sofrem as consequências dos diversos conflitos de vária ordem e grandeza, particularmente as guerras, nomeadamente esta guerra da Ucrânia, seja para os que permaneceram e continuam a permanecer no país, seja para os que se viram forçados a refugiarem-se noutros países, seja ainda para quantos estão a ser atingidos pelo aumento do custo dos bens de primeira necessidade, provocando a subida do número de famílias com dificuldade em satisfazer, quer as prestações bancárias do crédito à habitação, quer mesmo gerir as despesas diárias, mesmo a própria subsistência”, prosseguiu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve quis visitar ontem de manhã a comunidade ucraniana algarvia. “Pude estar com eles para exprimir a proximidade da nossa Diocese do Algarve não só junto daqueles que aqui vivem e trabalham — alguns há muitos anos —, mas também com aqueles que ficaram e permanecem na Ucrânia e que passam as dificuldades conhecidas”, contextualizou, lembrando estar a decorrer uma “recolha de donativos para enviar para a Arquidiocese de Kiev”. “Quis manifestar-lhe o nosso empenho em continuar a apoiar, na medida das suas necessidades e das nossas possibilidades, como está a acontecer na resposta de toda a nossa diocese ao pedido do patriarca da Arquidiocese de Kiev”, acrescentou.

O bispo diocesano explicou que a comunidade ucraniana retribuiu com a oferta de um ‘korovai’ — pão tradicional ucraniano, de boas-vindas, enfeitado na parte superior com adornos feitos com a própria massa — que fez questão que ficasse simbolicamente em local visível na celebração. “Que este sinal visível seja apelo a cada um de nós, primeiro para rezarmos pela paz na Ucrânia e para que aqueles que decidem os destinos da guerra mudem a perspetiva daquilo que diz respeito à defesa e à promoção da vida humana”, acrescentou, desejando que os católicos algarvios possam crescer mais na “sensibilidade em relação ao sofrimento que atravessa todo aquele país e aquela nação”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas lembrou que a Igreja Greco-Católica Ucraniana – que tal como outras Igrejas de rito bizantino celebrava o Natal, segundo o calendário juliano, a 7 de janeiro – passou a assinalar a festa no mesmo dia do ocidente, ou seja, no dia 25 de dezembro, segundo o calendário gregoriano. A decisão pretende marcar uma clara posição de independência e autonomia em relação à Igreja Ortodoxa russa, concretamente ao Patriarcado de Moscovo que tem apoiado a invasão da Ucrânia.