O bispo do Algarve lembrou esta tarde a guerra na Ucrânia para considerar que “Cristo continua a ser crucificado” ali.
“Hoje, Cristo continua a ser crucificado nas situações mais diversas, particularmente naquelas que são consequência da loucura de uma guerra como aquela que neste momento está a decorrer entre a Ucrânia e a Rússia”, afirmou D. Manuel Quintas na celebração desta tarde, em que a Igreja assinala a Paixão e Morte de Jesus.
Lembrando as palavras do Papa Francisco, o bispo do Algarve sustentou que “Cristo é crucificado” “nas mães que choram a morte injusta de maridos e filhos, nos refugiados que fogem das bombas com os filhos nos braços, nos idosos deixados sozinhos a morrer, nos jovens privados de futuro, nos soldados enviados a matar os seus irmãos, tanto de um lado como de outro”. “Cristo continua hoje a ser crucificado em tantas situações, particularmente nestas que nos entram pelas nossas casas todos os dias, quase a todas as horas”, prosseguiu.
Aquele responsável católico desejou que “possa a luz que brota da Cruz de Cristo e a força da sua ressurreição iluminar a mente e o coração dos que dirigem os destinos dos povos e nações, particularmente aqueles que decidiram o início desta guerra, para que decidam também o seu fim, acabando com o sofrimento e a morte e poupando tantas vidas inocentes”. D. Manuel Quintas lembrou que uma das preces da oração universal da celebração desta tarde, assumida de forma solene e ampla, é dirigida aos governantes. “Que sejam promotores da paz, da justiça, do progresso e não da guerra, não da loucura”, pediu.
A oração universal (vulgarmente conhecida como oração dos fiéis) de hoje é composta por dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade. Assim, para além de pedir pelos governantes de todas as nações “para buscarem sempre a verdadeira paz e a liberdade de todos os povos”, suplica ainda “para que se fortaleça em toda a terra a prosperidade das nações, a segurança da paz e a liberdade religiosa”, para que Deus “livre o mundo de todos os erros, afaste as doenças e a fome em toda a terra, abra as portas das prisões e liberte os oprimidos, proteja os que viajam e reconduza ao seu lar os imigrantes e desterrados, dê saúde aos enfermos e a salvação aos moribundos”.
Tendo também em conta “os que sofrem toda a espécie de tribulações”, os católicos rezam também pela Igreja, pelo papa, pelo bispo local e todos os restantes bispos, presbíteros, diáconos, pelos que exercem na Igreja algum ministério e por todo o povo de Deus, pelos catecúmenos, por todos os que creem em Cristo, pelo povo judeu, pelos que não creem em Cristo e pelos que não creem em Deus.
Na sua homilia, D. Manuel Quintas destacou a cruz como “a revelação suprema do amor de Deus”. “É no supremo abaixamento de Cristo, no seu aniquilamento total, que se realiza a sua suprema exaltação e glorificação como Rei e Senhor que a ressurreição virá a autenticar”, afirmou.
Aquele responsável católico lembrou ainda que “a celebração desta tarde é constituída fundamentalmente por três momentos: a proclamação da palavra, a adoração da cruz e a comunhão eucarística”. “Três momentos que nos levam a fixar a nossa atenção de maneira particular neste dia no mistério da cruz e a entender o seu significado na nossa vida e na vida de toda a humanidade”, referiu, desejando que a contemplação da cruz de Cristo nesta tarde sirva para aprender “a lição de amor e de perdão”.
Seguiu-se depois a apresentação e veneração da cruz realizada por uma fila imensa de fiéis e a comunhão da eucaristia ontem consagrada.
O dia de Sexta-feira Santa, em que imperam o silêncio, o jejum e a oração, é um dia alitúrgico por ser o único do ano em que não se celebra a eucaristia.
Na catedral de Faro, a celebração da Paixão do Senhor iniciou-se, como acontece em todo o mundo, em silêncio, com o bispo do Algarve a prostrar-se diante do altar descoberto, e terminou também em silêncio.