O bispo emérito de São Tomé e Príncipe apresentou na passada quinta-feira à noite, 30 de novembro, o seu último livro que visa dar “explicações muito rápidas, mas significativas das verdades essenciais da fé”.


“Não é um livro para aprofundamento teológico”, advertiu D. Manuel António dos Santos na apresentação que teve lugar na Biblioteca Municipal de Tavira, explicando que a pequena publicação “nasceu em São Tomé [e Príncipe] de um curso bíblico que lá houve”. “Achei que era interessante fazer qualquer subsídio a partir desse encontro e que era importante não apenas responder a essas questões, mas dar também uma justificação do caminho que fazemos para ser cristão”, justificou.


O bispo emérito de São Tomé e Príncipe, que está a colaborar nas paróquias de Tavira, explicou que a publicação, com edição da Paulinas Editora, procura “fundamentar muito na Bíblia” aquilo que lá escreveu. “Encontram frequentemente os lugares na Bíblia onde podem encontrar a justificação para as respostas que aqui procuro dar”, salientou.


“Pretendi mostrar que se alguém tem razão para viver a sua fé fundamentada na Bíblia somos nós, os católicos. Afinal, foi na nossa Igreja que nasceu a Bíblia. E se todas as outras Igrejas têm a Bíblia foi graças a nós”, evidenciou.


O autor citou São Paulo, lembrando que o apóstolo escreveu ser preciso “dar razões” da fé. “Foi isso que tentei com este pequeno livro, dar razões da minha fé”, afirmou D. Manuel dos Santos, explicando que a sua “preocupação” foi “que as pessoas reconheçam a solidez da doutrina em que foram instruídas”.


D. Manuel dos Santos adiantou que o livro, intitulado com a pergunta “O que é ser católico?”, aborda a relação da Igreja Católica com outros quadrantes religiosos, defendendo que “se deve evitar dois extremos”. “Um é aquilo a que chamo hermenismo, isto é, [defender que] em nome da paz o melhor é não afirmarmos a nossa verdade. Isso não é paz nenhuma. O hermenismo não leva a lado nenhum. Outra coisa é o respeito pelo outro, pela verdade do outro, pela crença do outro”, distinguiu, acrescentando que “outra tentação é, numa espécie de ecletismo, defender que todas as religiões são iguais” e que se pode até aderir simultaneamente um pouco a todas.

O bispo emérito de São Tomé e Príncipe criticou a tentação a fazer da religião uma espécie de “supermercado”. “Acaba por ser muito típico de uma cultura em que a verdade é a minha verdade, em que eu é que escolho a verdade que quero e faço da religião uma espécie de ementa”, lamentou, acrescentando: “devemos ter a hombridade de nos enfrentarmos com a verdade e nos questionarmos sem medo, de uma maneira muito aberta, procurando sempre viver a verdade na nossa vida”. “E a verdade é que a Igreja Católica é a única que nasceu com Jesus Cristo. Somos a única Igreja que está aqui desde os apóstolos. Todas as outras foram surgindo da Igreja Católica”, sustentou, considerando, assim, que “as religiões não são todas iguais”.

“Temos de procurar a verdade sobre a verdadeira religião a partir da história e essa história mostra-nos que a Igreja Católica pode afirmar que nasceu com Jesus Cristo. Por isso, como católicos podemos afirmar que estamos verdadeiramente na Igreja de Jesus Cristo”, concluiu.

O autor revelou ainda que a publicação contém um capítulo dedicado à Bíblia para “ter critérios muito claros sobre a Sagrada Escritura, mas sabê-la colocar também no seu lugar”. “A Bíblia é a Palavra de Deus, mas não é Deus. Hoje podemos transformar a Bíblia num ídolo. E, infelizmente, acabamos por encontrar muita gente para quem parece que a Bíblia é Deus. A Bíblia é a Palavra de Deus revelada na história dos homens e que, por isso mesmo, continua hoje a ser palavra viva. Na Bíblia, o que se diz é que o sustentáculo da verdade é a Igreja. Não é a Bíblia. E é lógico porque foi a Bíblia que nasceu da Igreja e não o contrário”, concretizou o bispo que disse ter ficado “surpreendido” com “anúncios da apresentação” daquela publicação, quando pensava apenas orientar “uma ação de formação para catequistas”.
O bispo do Algarve, que esteve presente na apresentação, considerou a publicação um “instrumento muito grande” para os grupos de aprofundamento da fé. “Se queremos viver de maneira consciente e esclarecida o que significa sermos cristãos, membros desta Igreja, é importante termos as ideias arrumadas e este livro ajuda-nos a isso, a ter ideias claras sobre aquilo que é essencial na nossa fé”, realçou D. Manuel Quintas.

D. Manuel António Mendes dos Santos nasceu em São Joaninho, Viseu, no dia 20 de maio de 1960, entrou no Seminário Menor da Diocese de Lamego em 1978, passando mais tarde para o Seminário da Congregação dos Missionários Claretianos em Carvalhos (Vila Nova de Gaia), sendo ordenado presbítero a 20 de julho de 1985.

Entre 1994 e 1995 partiu para uma experiência missionária em São Tomé, que o levou a especializar-se em Teologia Pastoral na Universitá Pontifícia Salesiana, em Roma. Regressou a Portugal, onde foi pároco de São Sebastião e responsável pela vigararia do Coração de Maria, na Diocese de Setúbal.

No dia 1 de dezembro de 2006, o Papa Bento XVI nomeou-o bispo de São Tomé e Príncipe, serviço que desempenhou até ao pedido da sua renúncia, concedida pelo Papa Francisco a 13 de julho de 2022.
A 20 de setembro deste ano, o bispo do Algarve acolheu a disponibilidade de D. Manuel António Santos para servir pastoralmente as paróquias de Tavira, trabalho que já vinha assumindo desde o passado mês de abril e que oficializou com uma provisão.