O bispo do Algarve pediu esta manhã aos padres da diocese o testemunho da fé e lembrou-lhes que só um “coração simples e pobre” confere autenticidade ao ministério.
D. Manuel Quintas falava na Missa Crismal a que presidiu na catedral de Faro, tendo quase todos os sacerdotes do Algarve a concelebrar consigo.
“O testemunho da nossa fé dará maior consistência ao nosso ministério. Queremos, como homens crentes, assumir um compromisso que se apresenta como uma urgência inadiável: encontrar tempo e espaço para a oração antes de convidar a rezar os outros”, exortava o prelado.
O bispo diocesano, que desejou “que Cristo possa chegar a todos e a todo o lado”, desafiou ao “testemunho alegre” do “ressuscitado”.
Cintando Bento XVI, exortou a um “empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”. “O pastor, para conduzir e defender o seu rebanho, não pode ser como cana agitada pelo vento, incapaz de resistir às tempestades mais adversas. Só alicerçados e enraizados em Cristo, firmes na fé, poderemos adquirir a estabilidade necessária para dar os frutos que o mundo precisa, bem como a fortaleza para resistir à força dos ventos contrários, sejam eles interiores a nós mesmos ou exteriores”, afirmou.
Por outro lado, D. Manuel Quintas, tendo presente o pensamento e testemunho do Papa Francisco, lembrou que, “na Igreja, o poder é serviço”. “É imperioso abandonar atitudes de superioridade e afirmação pessoal no exercício da autoridade da Igreja. É preciso assumir a pobreza e a simplicidade como distintivo e caminho da autenticidade da renovação da Igreja. Estamos a reaprender, com o Papa Francisco, que só um coração simples e pobre nos torna sensíveis e abertos aos pobres e confere autenticidade ao nosso ministério”, afirmou.
O bispo do Algarve lembrou que os sacerdotes não são “simples detentores de um ofício como aqueles que, na sociedade, contribuem para a realização das mais diversas funções da comunidade humana”. “O sacerdote, em virtude deste dom, realiza algo que nenhum ser humano, por si mesmo, pode fazer: age em nome da pessoa de Cristo”, evidenciou, lembrando que “só Cristo é o verdadeiro sacerdote”. “Nós somos seus ministros e somo-lo, não em virtude de uma conquista pessoal, mas de um dom que nos é dado em favor do seu povo”, explicou, acrescentando que “Cristo quis servir-se de homens frágeis, limitados e pecadores para estar presente no meio da humanidade e agir em seu favor”.
Neste sentido, D. Manuel Quintas sublinhou a “grandeza da audácia de Deus que assim mesmo se confia a seres humanos”. “Apesar de conhecer as nossas fraquezas nos considera capazes de agir em seu nome. Esta audácia de Deus é o que de verdadeiramente grande e surpreendente se esconde na palavra sacerdócio”, sustentou.
A terminar, deixou apelos aos leigos (entenda-se, não clérigos) e aos padres. Aos primeiros pediu que rezem por si, pelos sacerdotes e diáconos e aos segundos apelou que estimem os fiéis que lhe estão confiados e lhes distribuam os “dons” dos quais Deus os fez “fiéis servidores”.
D. Manuel Quintas lembrou ainda a celebração dos jubileus de D. Manuel Madureira Dias que celebra em junho as bodas de prata episcopais, do padre Feliz Pires que celebra bodas de prata sacerdotais, do padre Abílio Almeida que celebra as bodas de ouro sacerdotais e do padre Augusto Dourado, da diocese de Beja a residir no Algarve, que celebra 60 anos de ordenação.
Os sacerdotes do Algarve reuniram-se em torno do seu bispo para celebrar, em eucaristia, a unidade e comunhão de todo o presbitério algarvio e de cada comunidade paroquial com o pastor da diocese, sentido de comunhão eclesial manifestada também na presença de muitos fiéis de todo o Algarve que fizeram questão de acompanhar os seus párocos.
Durante a celebração foram ainda benzidos e consagrados os óleos usados durante o próximo ano na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem ou Santa Unção, ou na dedicação dos altares ou de novas igrejas. Particularmente significativo foi ainda o momento da renovação das promessas sacerdotais dos presbíteros presentes. O gesto, disse o bispo do Algarve, “quer significar a reafirmação da fidelidade ao dom do espírito, recebido pela imposição das mãos em dia de ordenação presbiteral”.
Samuel Mendonça
Igreja