A Igreja do Algarve viveu ontem um dia particularmente festivo, não só por celebrar, em comunhão com todas as suas paróquias, a solenidade do aniversário da dedicação da sua catedral, mas também por terem tomado posse naquela igreja, quatro novos membros do seu Cabido.

Na eucaristia de ontem, a que presidiu o bispo do Algarve ao final da tarde, D. Manuel Quintas deu posse aos padres Carlos César Chantre, Firmino Ferro, Joaquim Nunes e Manuel Rodrigues, nomeados por si no passado dia 29 de junho, após a consulta ao Colégio de Consultores e ao próprio Cabido.

Após a leitura da provisão de nomeação dos novos membros do Cabido catedralício, o prelado lembrou que aquele órgão tem como primeira atribuição “assegurar a vida litúrgica da catedral, a participação nas celebrações litúrgicas mais solenes na igreja catedral, a promoção de iniciativas que visem a evangelização da cultura pelo seu fomento e difusão, particularmente na sua relação com a fé e a liturgia, a valorização da catedral, não só enquanto referência histórica cultural e patrimonial, mas sobretudo como espaço onde se reúne uma comunidade viva diocesana e paroquial que nele celebra a fé e dele faz casa e escola de comunhão e de vida”. “Cuidar do decoro da catedral, da conservação do seu património e do cuidado do seu arquivo histórico, enriquecendo-o e atualizando-o” são ainda outros encargos do Cabido da catedral.

O bispo do Algarve manifestou o seu reconhecimento a cada um “pela sua disponibilidade em aceitar este serviço a toda a Igreja diocesana”. “Este não é um prémio que o bispo vos dá, mas antes um serviço, mais um, que o bispo vos pede. Eu sei que vós pensais assim, mas talvez haja muita gente que não entenda isto”, esclareceu, agradecendo: “obrigado pela vossa disponibilidade e pelo espírito que vos anima ao acolherdes e vos predispordes a prestar também este serviço”. “Posso recorrer a este colégio de presbíteros como um precioso auxiliar que o Senhor me concede para conduzir pelos caminhos da fé, da esperança e do amor esta parcela do povo de Deus confiada aos meus cuidados de pastor e de sucessor dos apóstolos”, congratulou-se ainda D. Manuel Quintas.

O bispo diocesano explicou ainda, na celebração participada por muitas pessoas, sobretudo das paróquias dos empossados e concelebrada por alguns sacerdotes da Igreja algarvia, que “os Cabidos têm origem num grupo de presbíteros nomeados pelo bispo diocesano com o objetivo inicial de viverem com ele, o auxiliarem nas suas atividades pastorais de evangelização, no governo da diocese e nas celebrações litúrgicas, rezando juntos a liturgia das horas”.

“Desconhecemos se, no clero da Sé de Santa Maria de Ossónoba, antes da conquista portuguesa, já existia o Cabido. Sabemos sim que, com a conquista do território do Algarve e a criação da Diocese de Silves (1189), aí se instituiu o Cabido com estatutos próprios confirmados pela Santa Sé”, acrescentou, constatando que “a função e a importância do Cabido no contexto da pastoral diocesana alterou-se bastante ao longo dos séculos, acompanhando a natural evolução verificada em outros domínios na organização da Igreja”.

“Apesar destas alterações, o Cabido desempenha ainda um importante papel na vida da Igreja diocesana, no exercício das funções que lhe são confiadas pelo Código de Direito Canónico ou atribuídas pelo bispo diocesano, assessorando-o nos assuntos e iniciativas de que for incumbido”, sustentou.

Depois da homilia seguiu-se a tomada de posse, propriamente dita, constituída por dois momentos – a profissão de fé dos sacerdotes e o juramento de fidelidade –, após a qual teve lugar a assinatura do documento do juramento e saudação pelo bispo. A tomada de posse concluiu-se com a leitura da ata, não sem que antes ocorresse o gesto simbólico da tomada dos assentos dos novos cónegos.

A nomeação e tomada de posse dos novos cónegos ocorreu 17 anos depois da última tomada de posse de membros do Cabido, a 25 de março de 1996, depois de D. Manuel Madureira Dias, então bispo do Algarve, ter nomeado no dia 2 de fevereiro desse ano quatro novos cónegos para o Cabido da Sé de Faro: os padres José Pedro Martins, José Rosa Simão, António Carrilho e Gilberto Santos.

Bastante reduzido nos últimos anos, devido ao falecimento da maioria dos seus membros, o Cabido Catedralício era até ontem constituído apenas pelos cónegos Joaquim Cupertino, José Pedro Martins e José Rosa Simão, a que se juntaram os agora empossados.

Samuel Mendonça