Aquela formadora reconheceu que o principal problema financeiro dos agregados familiares é o endividamento, não conseguindo cumprir com as obrigações. “As pessoas têm tido muitos cortes salariais e o desemprego também tem aumentado muito e a banalização dos créditos nos últimos anos também tem influenciado. Estes fatores juntos têm sido muito complicados para as famílias”, explicou à margem da ação de formação intitulada “Saber viver em tempos de crise”, promovida hoje em Faro pela Cáritas Diocesana do Algarve em parceria com a Deco.

Cátia Cabanita considerou mesmo que, ao nível do incumprimento financeiro das famílias, “a pior fase ainda está por vir”. “Os bancos já estão um pouco mais contidos, com medidas para prevenir este tipo de situações, mas ainda há muitas famílias a entregar casa ao banco e a entrar em insolvência. A situação está, cada vez, pior, também a nível do Algarve”, sustentou.

Aquela formadora garantiu ainda que, em geral, a entrega da casa não é suficiente para a dívida ficar liquidada. “Tem que se fazer uma avaliação antes da entrega da casa e, normalmente, o valor da avaliação não é suficiente para pagar o capital em dívida”, explicou, acrescentando que as famílias nesta situação “ficam ainda com um encargo excedente em relação à dívida e ao valor já pago”.

Se não conseguirem regularizar esse valor excedente, as famílias “pedem insolvência para, por outros caminhos, tentar resolver de modo mais favorável”, acrescentou, reconhecendo que os bancos também estão a evitar essas situações a todo o custo. “Estão a prevenir muito mais, tanto que já não estão a dar crédito como davam há dois ou três anos atrás. Hoje são obrigados a procurar algum tipo de acordo com a família. Têm planos para prevenir o incumprimento e, mesmo depois de o incumprimento se dar, têm medidas complementares para não deixar alastrar até à dação do imóvel”, explicou.

Cátia Cabanita explicou ainda que as pessoas recorrem hoje mais aos depósitos a prazo, apesar do rendimento ser inferior porque a segurança e a liquidez são superiores. “Hoje, as pessoas preferem mais a segurança do que o rendimento”, justificou.

Samuel Mendonça