"Escolheram como cenário Alcoutim porque se trata de um concelho em desertificação. Mais uma vez lembram-se de Alcoutim quando fazem estas coisas. Dá-me impressão que isto é um ritual. Todos anos há o Dia Mundial da Desertificação e lembram-se de Alcoutim. Nos restantes 364 dias não existe", lamentou Amaral.
O autarca de Alcoutim disse temer que o seminário, que na segunda feira vai reunir especialistas e instituições ligadas às Florestas e ao Combate à desertificação e onde será feita a apresentação e avaliação dos casos de sucesso de florestas instaladas em áreas suscetíveis de desertificação, apenas servirá para discutir o tema sem que depois sejam tomadas medidas concretas para resolver o problema.
"Nesse dia vamos todos falar sobre desertificação e é tudo muito bonito. Vem o secretário de Estado [das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro] mostrar-se muito preocupado, fazer um discurso a dizer que vão fazer aquilo, vão fazer o outro. Mas o que é facto é que ao longo dos anos não se faz nada", afirmou Amaral, lamentando "não haver discriminação positiva relativamente aos municípios que estão em desertificação".
O autarca criticou os "obstáculos existentes no Ordenamento do Território" que impedem o desenvolvimento e o combate à desertificação no concelho e considera que "as poucas pessoas que querem investir em Alcoutim acabam por não o conseguir porque tudo é Reserva Ecológica, tudo é Rede Natura".
"E acaba-se por não se conseguir combater a desertificação porque há instrumentos criados pelos próprios governos que não o permitem", frisou.
Francisco Amaral questionou ainda "o que se tem feito em Alcoutim em termos de florestação", afirmando que "há largos hectares de pinheiro manso que nunca na vida irão dar um pinhão".
O Seminário "A Floresta Portuguesa no Combate à Desertificação – Casos de Sucesso" realiza-se na segunda feira, tem início previsto para as 14:00, no salão nobre dos Paços de Concelho, e contará na sessão de encerramento com o secretário de Estado Rui Barreiro.
Na abertura, estão previstas intervenções de Francisco Amaral e dos presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, João Faria, e da Autoridade Florestal Nacional, Amândio Torres.
Lusa