
A Câmara de Lagos distinguiu ontem à tarde, com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro, a comunidade algarvia da Congregação do Santíssimo Redentor (redentoristas), presente há 50 anos na cidade.

A homenagem teve lugar no Centro Cultural de Lagos, após a manhã com a cerimónia de hastear das bandeiras na praça Gil Eanes, a eucaristia no Jardim da Constituição, junto à porta e nicho de São Gonçalo, e a procissão até ao porto (junto à Docapesca) onde foi feita a bênção das embarcações, presididas pelo bispo do Algarve.

A autarquia explicou que as medalhas ontem atribuídas visam distinguir “individualidades e entidades do concelho que se notabilizaram em diversas áreas e que constituem um exemplo que merece ser reconhecido”.O novo presidente da Câmara de Lagos, que ontem presidiu ao primeiro ato público naquela qualidade – substituindo Joaquina Matos (eleita deputada pelo círculo do Algarve nas últimas eleições legislativas) – destacou a notabilidade “regional, nacional e internacional” dos homenageados. “[São] personalidades e instituições que em muito dignificam a nossa terra e muito têm contribuído para a elevação de Lagos enquanto o município”, afirmou Hugo Pereira.

“A Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Lagos deliberaram conceder a medalha de Mérito Municipal, grau ouro, em atenção, homenagem e reconhecimento à dedicação e altruísmo depositados em todo o trabalho desenvolvido a favor da comunidade à Congregação do Santíssimo Redentor – Missionários Redentoristas em Lagos”, acrescentou a edilidade.

No vídeo de apresentação, a autarquia lembrou que os “destinatários preferenciais” da missão dos padres redentoristas têm sido “os pobres, fazendo deles companheiros e parceiros”. “Foi a 11 de outubro de 1969 que o então bispo do Algarve D. Júlio Rebimbas confiou à congregação o cuidado das paróquias de Santa Maria de Lagos, Nossa Senhora da Luz, Bensafrim, Barão de São João, Barão de São Miguel e Budens,uma missão então considerada como um desafio por permitir estar mais perto das necessidades das pessoas”, recordou a apresentação, acrescentando que “os escolhidos para essa importante missão foram os padres José Paulo Fernandes, Faustino Caldas Ferreira e António Ferreira”, este último regressado ao Algarve em 2012 e ontem também presente na cerimónia.

A Câmara de Lagos destacou a fundação em 1971 do “Nosso Jornal”, posteriormente renomeado de “Farol do Sul”, editado até 1998. “Em finais de 2015 foram confiadas à congregação as paróquias de São Sebastião e Odiáxere. Atualmente dão corpo e alma a esta missão os padres Abílio Almeida, António Ferreira, Silvério da Silva Rato e Eugeniusz Fasuga, que exerce as funções de coordenador da comunidade. Todos trazem na bagagem o percurso de trabalho como missionários, desenvolvido em comunidades em Portugal, África, América do Sul e por esse mundo fora, que não se limita ao espaço físico e geográfico das paróquias”, acrescentou a autarquia na cerimónia que contou com a atuação da fadista Marta Alves, acompanhada por Ricardo Martins na guitarra portuguesa e Bruno David na viola, e da Escola de Dança de Torres Vedras, cidade geminada com Lagos.


Foi ainda destacado que “nos tempos da última crise económica, só em Lagos chegaram a apoiar regularmente mais de 180 pessoas que procuravam a sua ajuda”. “Meio século depois, a família de missionários redentoristas lacobrigense continua com o claro intuito em querer entusiasmar tudo e todos para a prática da evangelização e dinamizar as comunidades cristãs locais”, aditou a apresentação.

No vídeo, o bispo do Algarve classificou aqueles missionários como “obreiros silenciosos do evangelho”. “É um silêncio fecundo, muito eficaz,do qual estão agora a colher os frutos possíveis e desejáveis”, acrescentou D. Manuel Quintas, realçando a sua “maneira de ser de estar e de servir todo o município de Lagos, seja nas cidades, seja nas periferias e nos lugares mais distantes do centro, procurando criar centros de culto à medida das populações”. “A experiência missionária do padre Almeida, que é aquele que está aqui nestes anos todos, cativou-me sempre e de maneira particularpelo seu estilo, dedicação, doação e serviço aos mais pobres”, acrescentou.
O prelado considerou a homenagem “muito merecida”. “É com muita alegria que eu, como o bispo, e a diocese toda do Algarve se une nesta justa homenagem aos missionários redentoristas pelos 50 anos da sua presença e do seu serviço aos mais diversos níveis”, complementou, lembrando que os vários sacerdotes redentoristas que passaram pela comunidade algarvia, “cada um deles deixou a sua marca e constituíram um grande enriquecimento seja para o município de Lagos, seja para a Diocese do Algarve”.
Uma paroquiana realçou que a congregação tem como objetivo “viver para os pobres, viver com os pobres e dar a vida pelos pobres”. “Eles transmitem-me isso. E nós, comunidade, temos feito um esforço nesse sentido. Eles têm sido incansáveis para nos formar no conhecimento da palavra com debates conferências e pessoas que se chamam e, sobretudo, com as missões populares, uma vertente dos missionários redentoristas”, acrescentou, explicando que os sacerdotes “vêm às comunidades e contactam com o povo, mesmo aqueles que não vão à igreja, fazem assembleias familiares em casa das pessoas”, onde se debatem “temas sociais”. “Depois convidam-nos a ir à igreja e aí vamos ouvir a palavra de Deus”, sustentou, garantindo que as três paróquias de Lagos“vivem em comunhão perfeita e isso deve-se à ação dos redentoristas”.
Após a entrega da medalha pelo presidente da Câmara e pelo presidente da Assembleia Municipal aos padres Abílio Almeida e Rui Santiago, superior provincial do Missionários Redentoristas, o primeiro sacerdote agradeceu aos lacobrigenses pelo acolhimento que lhe prestam há 22 anos. “Quando entrei aqui em Lagos, vim para três meses. Não estou arrependido. Obrigado pela vossa paciência e virtude”, afirmou.
O padre Rui Santiago, que também agradeceu ao município e à cidade “em nome de tantos missionários redentoristas que passaram” por aquele concelho explicou que aquela medalha foi “recebida como um momento de compromisso da congregação”.

Na cerimónia foram ainda distinguidos com a Medalha de Mérito Municipal, grau ouro, o médico Luís Afonso e com a Medalha de Mérito Municipal, grau prata, Jorge Augusto Mealha Costa, escultor e ceramista, Hélio Nunes Xavier, José Inácio Seromenho, atleta de tiro com armas de caça, a Ourivesaria Coimbra e o Restaurante Reis.