"O cancelamento consubstancia mais uma desconsideração e abandono do Algarve e dos algarvios. Aparentemente, esta boa medida de gestão não passa de mais um corte cego e inconsequente", disse à Lusa o presidente da Câmara de Lagos, Júlio Barroso.
Para o autarca, sem a variante o trânsito em Odiáxere "torna-se mais perigoso para os peões e automobilistas", já que se regista um aumento significativo do tráfego devido à introdução de portagens na Via Infante de Infante (autoestrada A22) sem que fossem concluídas as obras de requalificação da EN125 (estada nacional).
"A não realização desta obra provocará o caos nos acessos a Lagos e a todos os concelhos das Terras do Infante, associação formada pelos municípios de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo", sublinhou.
Segundo o autarca, os cidadãos não compreenderão um Estado que só tem para dar estradas pagas ou inseguras". Além disso, o Barlavento algarvio tem sido a zona mais prejudicada ao nível das acessibilidades", acrescentou.
"Esta zona do Algarve foi a última a receber a Via do Infante, esperámos 11 anos pela sua conclusão. Portanto, sofremos de discriminação em matéria de acessibilidade com reflexo no desenvolvimento e na economia das empresas, famílias e cidadãos", observou.
Júlio Barroso considerou que os condicionamentos de trânsito em Odiáxere "resultam numa má imagem turística para a região, quando essa imagem deve ser segura e acessível, para ser internacionalmente competitiva".
Na opinião de Júlio Barroso, os municípios de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo vão continuar a sofrer o efeito da periferia: "mais distante, mais cara, com acessibilidade mais incómoda e insegura. Em suma, mais uma vez esquecida e maltratada pelos governos de Lisboa que prometem com uma mão e tiram com as duas".
As variantes de Odiáxere, Olhão, Luz de Tavira e da EN2 entre Faro e São Brás de Alportel foram retiradas do acordo entre a Estradas de Portugal (EP) e a Rotas do Algarve Litoral (RAL), empresa responsável pelas obras de requalificação de EN125.
Segundo a Estradas de Portugal, o novo acordo permite uma poupança de 155 milhões que resultam de poupança no investimento em capital fixo e despesas operacionais e uma diminuição de despesa com pagamentos futuros à subconcessionária, ao longo da existência da subconcessão.
A longo prazo a EP estima poupar na ordem dos 500 milhões de euros.
O acordo estipula ainda que a Estradas de Portugal assume a responsabilidade de conservação e manutenção de cerca de 93 quilómetros que estavam integrados na subconcessão a partir de 01 de janeiro de 2014.
Este foi o sexto acordo celebrado no âmbito da renegociação das subconcessões, depois do Pinhal Interior, da Autoestrada Transmontana, do Litoral Oeste, do Baixo Tejo e do Baixo Alentejo.
Lusa