
A Câmara de Loulé homenageou ontem, no Dia do Município, o padre Henrique Marreiros Varela, pároco das duas paróquias daquela cidade há quase 29 anos, com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Prata.
Após o hastear da bandeira em frente aos Paços do Concelho, as comemorações prosseguiram com a cerimónia dos agraciados na sala da Assembleia Municipal de Loulé que pretendeu distinguir “personalidades que, no âmbito da sua atividade, tenham adquirido notoriedade pública com benefício e honra especial para o concelho de acordo o regulamento municipal existente para o efeito”. “Prevê esse mesmo regulamento que algumas entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, possam também elas vir a ser agraciadas por serviços considerados relevantes e excecionais prestados a Loulé e que resultem em maior renome para o município”, explicou a autarquia.
O presidente da Câmara destacou na cerimónia que o reconhecimento daquelas entidades são uma inspiração para o futuro. “Ao mostrarmos reconhecimento por aqueles que, pelo seu exemplo, pela sua extraordinária lição de vida e de obra tornaram este concelho mais rico, estamos a dizer que nos revemos e projetamos naquilo que eles foram e são e que neles encontramos inspiração e ânimo para os novos desafios do futuro”, afirmou Vítor Aleixo.

“Não tenhamos dúvidas que aqueles que hoje aqui foram agraciados com estas distinções municipais, e todos aqueles que os antecederam e que foram igualmente agraciados em cerimónias semelhantes a esta, são, de facto, os melhores exemplos, aqueles que se destacaram da mediania e aqueles que são para nós referentes sólidos e serão para nós sempre âncoras que nos obrigarão a olhar para o futuro”, sustentou o autarca, manifestando-lhes o seu “agradecimento” e “forte apreço”.
Relativamente ao padre Henrique Varela, a autarquia de Loulé destacou que o sacerdote “procurou, em toda a sua ação, dedicar-se especialmente às crianças e às famílias, apoiando-as socialmente, em parceria com a Câmara e outras entidades do concelho”. “Aprendeu a gostar dos costumes e tradições e, principalmente, do culto à Mãe Soberana”, acrescentou-se ainda na sessão solene na qual foram igualmente agraciados com a Medalha de Honra do Município a escritora Lídia Jorge; com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro o escritor Casimiro de Brito, o médico Abreu e Silva (a título póstumo), o Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF) e os ex-presidentes da Câmara Municipal de Loulé Joaquim Vairinhos e José Cavaco (a título póstumo); com a Medalha de Grau Prata Francisco Rosado (a título póstumo), o Dom José Beach Hotel e o Sport Clube Escanchinas; e, com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Bronze, a poetisa e intérprete de contos tradicionais Filipa Faísca e o empresário Jack Petchey, fundador da Fundação Jack Petchey.

Natural de Monchique, o padre Henrique Varela, de 75 anos, ingressou no Seminário de São José, em Faro, a 20 de outubro de 1952, com 11 anos, e aí permaneceu durante três anos. Foi transferido depois para o Seminário de Almada onde estudou durante outros três anos e, posteriormente, no Seminário dos Olivais, em Lisboa, durante mais seis anos.
Foi ordenado sacerdote no dia 31 de julho de 1966 na Sé de Faro pelo então bispo do Algarve D. Júlio Tavares Rebimbas e nomeado nesse mesmo ano pároco de Armação de Pêra, função que desempenhou durante oito anos, ingressando depois na equipa formadora do Seminário de Faro, da qual fez parte durante quase 15 anos. Em 1969 foi ainda nomeado secretário da Catequese da Diocese do Algarve.
Durante o período em que esteve no Seminário de Faro licenciou-se em História, deu apoio aos professores do primeiro ciclo na então disciplina de Religião e Moral Católica. Foi durante algum tempo professor no Magistério Primário de Faro e na Escola Afonso III daquela cidade e, mais tarde, na Escola Secundária de Loulé.
O padre Henrique Varela foi nomeado a 25 de dezembro de 1987 pelo bispo do Algarve de então, D. Ernesto Costa, “por motivo de falta de saúde” do então pároco, padre João Cabanita, considerando que a paróquia de São Clemente se encontrava numa “fase de grande crescimento demográfico que se estende numa extensa área urbana e rural”.

Em 1989, D. Manuel Madureira Dias nomeou-o pároco das duas paróquias de Loulé, São Clemente e São Sebastião, e de Boliqueime. No mesmo ano foi nomeado coordenador do Secretariado Diocesano da Pastoral Profética e, especificamente, do Departamento da Educação da Fé e do Sector da Catequese de Adultos.
Em 1992 foi nomeado vigário da vigararia de Loulé/São Brás de Alportel e no ano seguinte diretor do Departamento da Pastoral Familiar da diocese algarvia.
Foi ainda nomeado por três vezes (1989, 1992 e 2005) membro do Conselho Presbiteral da Diocese e duas vezes membro do seu Colégio de Consultores (1991 e 2005).
Em Loulé foi o impulsionador da construção do Centro Social e Paroquial e, juntamente com o padre Nobre Duarte, acompanhou a conclusão da construção do Santuário da Nossa Senhora da Piedade. Foi ainda o responsável pela adesão, por volta de 1991, das paróquias de Loulé ao Serviço de Animação Comunitária do Movimento Por um Mundo Melhor, que dinamizou a constituição de grupos familiares de reflexão por diversas zonas.