A Câmara de São Brás de Alportel aprovou na terça-feira por unanimidade uma moção que defende “a construção urgente” de novas barragens no Algarve para aumentar as capacidades hídricas para consumo e rega agrícola na região.

Na moção, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente da Câmara, Vítor Guerreiro, considera “premente implementar medidas para o aproveitamento e armazenamento superficial de água para a sustentabilidade futura do Algarve”.

De acordo com o autarca, perante a escassez de água provocada pela redução da precipitação anual, “urge tomar decisões para a implementação de medidas de adaptação e mitigação às alterações climáticas e aumentar as capacidades hídricas na região”.

Na opinião de Vítor Guerreiro, o aumento das disponibilidades hídricas no Algarve, “passa pela reavaliação da viabilidade de novas barragens e promoção da sua construção, onde se inclui a barragem de Alportel ou Monte da Ribeira”, uma das medidas preconizadas no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas.

“Verifica-se a necessidade premente de concretizar um processo iniciado em 1981, quando foi apresentado o estudo prévio da barragem do Monte da Ribeira, mais tarde o projeto da barragem e da estação elevatória de água, e o estudo de viabilidade técnica e económica do aproveitamento da Barragem do Monte da Ribeira”, indicou.

Segundo o autarca, esta nova albufeira “contribuirá para a resiliência do sistema hidráulico, reforçando a capacidade de armazenamento e assegurando as necessidades de água para a rega agrícola e, eventualmente, consumo humano, a médio e longo prazo, sem prejuízo de outras opções complementares que possam ser equacionadas”.

“Nessas opções inclui-se, por exemplo, a construção de uma nova barragem na Foupana, no concelho de Castro Marim”, destacou o autarca no documento aprovado pelo executivo.

Para Vítor Guerreiro, a construção da Barragem do Monte da Ribeira (ou de Alportel), “contribuirá, certamente, para a criação de mais reservas estratégicas de água, numa região fortemente dependente e pressionada pela procura turística e para minimizar a pressão sobre as existentes pela expansão das áreas de regadio nesta zona do Algarve”.

O autarca considerou que a barragem “será também importante para diminuir a pegada ecológica associada à produção alimentar, no abastecimento dos meios aéreos de combate a incêndios na Serra do Caldeirão, zona de grande importância na produção de cortiça, e até para o controlo de cheias e inundações provocadas por fenómenos extremos de pluviosidade na foz da Ribeira do Alportel/Rio Gilão, em virtude da falta de regularização do caudal”.

“No seu todo, a construção de novas barragens contribuirá para a sustentabilidade futura do Algarve e dará um forte contributo para o desenvolvimento social e económico equilibrado da região”, defendeu.

De acordo com o presidente da Câmara de São Brás de Alportel, “urge tomar medidas imediatas para a região”, recordando que todos os concelhos do Algarve “foram reconhecidos oficialmente pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, como estando em situação de seca severa e extrema”, com as disponibilidades hídricas de superfície e subterrâneas abaixo das médias de armazenamento.

De acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em setembro de 2019 todo o país estava em situação de seca, sendo que quase metade (48,4%) encontrava-se em seca moderada e 15,4% em seca fraca.

Um terço estava em seca severa (32,7%) ou extrema (3,4%), esta última numa área que vai desde Albufeira (Algarve), até quase a Mértola (Alentejo), e onde se inclui São Brás de Alportel.