
Cerca de 170 pessoas participaram este sábado na ‘Caminhada pela Vida’ realizada em Faro que, pela primeira vez, se associou à iniciativa desde que se começou a realizar anualmente em 2012 por decisão da Federação Portuguesa pela Vida que a promove, embora tenha surgido em 1998 por ocasião do primeiro referendo do aborto.

Para além de Faro, este ano a ‘Caminhada pela Vida’ decorreu em mais 11 cidades: Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Évora, Funchal, Guarda, Lamego, Lisboa, Porto e Viseu/Lamego.

Em Faro, a defesa pela vida desde a concepção até à morte natural uniu católicos, evangélicos e outros simpatizantes da causa, provenientes de vários pontos do Algarve, na caminhada que se iniciou junto à Escola Secundária João de Deus com os participantes a começarem a descer a Avenida 5 de Outubro quase às 15h30. Empunhando cartazes alusivos à defesa da vida e entoando palavras de ordem como ‘Cuidar sim, matar não’ ou ‘Porquê, porquê se ainda bate o coração? Porquê, porquê se matar não é solução?’, seguiram pela Rua de Santo António em direção ao Jardim Manuel Bívar.

Junto ao coreto decorreram momentos de animação musical e cultural com o duo de vozes e guitarras, composto por Margarida Delfino e Teresa Casinha Ramos, e com o grupo de dança contemporânea ‘Ministério de Dança CCR’, intercalados com várias intervenções orais.

Um ativista pró-vida com mais de 20 anos de militância na causa alertou que “não há direitos humanos sem o direito a nascer”. “O direito de vir à luz. Esse é o primeiro direito de cada ser humano”, evidenciou Luís Lopes, lembrando que “aqueles que são a favor da liberdade para o aborto” “agora podem dizer isso porque nasceram”. “Algumas pessoas gostam de usar a palavra feto, que parece que é uma coisa mais leve, mas essas pessoas também foram um feto”, constatou, frisando que “o aborto é a eliminação de um ser humano”.

Lembrando que “hoje está muito na moda falar de inclusão”, aquele interveniente questionou se “será justo excluir aqueles que estão na barriga da sua mãe”. “Temos de dar dignidade à vida humana desde a concepção até à morte natural. Toda a vida humana é digna”, considerou, garantindo que desde o referendo de 2007 foram mortos “mais de 250.000 seres humanos na barriga da sua mãe”. “Acham que isto é um direito da mulher? A mulher tem o direito a ser apoiada pela sociedade e pelas políticas. A mulher não tem de ser empurrada para o aborto. O aborto não é inevitável”, prosseguiu, exortando à criação de “políticas e apoios que dificultem ao máximo a mulher ter de decidir abortar e que facilitem ao máximo a mulher decidir continuar com aquela vida em diante”.


Luís Lopes garantiu que quem não defende a liberalização do aborto não quer ver presas as mulheres que abortem. “Não querem é que o aborto seja algo de normalizado na nossa sociedade”, assegurou.

O ativista apelou ainda à mobilização que permita “dar uma alternativa às pessoas” perante a intenção do Parlamento Europeu de “discutir na próxima semana o direito ao aborto na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”.



Luís Lopes regozijou-se com a criação de “muitas associações pró-vida que estão a fazer um trabalho extraordinário”, surgidas depois dos referendos.

Isabel Fernandes leu um depoimento de uma mulher anónima que escolheu a vida. “Não aguentaria suportar o peso da culpa para o resto da minha vida se matasse este ser. Tal como a minha vida foi um milagre, a vida da minha filha veio dar-me a conhecer um amor inexplicável”, afirmou.

A tarde incluiu ainda a leitura de um testemunho de Helena Boavida, médica de família. “Necessitamos fortalecer a resposta de proximidade com o apoio em cuidados paliativos junto de quem precisa. Essa é a resposta necessária. Que as novas gerações possam acreditar, confiar que podemos continuar a contar uns com os outros num olhar que vê além das aparências, das dificuldades, dos limites da funcionalidade, que vive o amor como resposta a cada vida”, pediu aquela profissional de saúde.


A manifestação apelou ainda disponibilização para integração de uma bolsa de voluntários pela causa da vida e para a criação de um grupo de oração.
Em 2025, a ‘Caminhada pela Vida’ decorrerá no dia 29 de março.


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