“Os portugueses, que têm feito um esforço enorme para serem solidários com quem mais precisa, continuem e tenham em conta que há aqui um grande número de concidadãos que estão em dificuldade”, desafiou o presidente Carlos Oliveira, em declarações à Agência Ecclesia.

No mês de fevereiro, a Cáritas algarvia registou “70 atendimentos novos”, envolvendo pessoas com falta de condições para pagar rendas de casa, contas da água, luz, gás, propinas, receitas médicas, entre outros compromissos.

A capacidade de resposta a estes problemas “chegou ao fim da linha”, sublinha o presidente daquela instituição, adiantando ainda que o próprio Fundo Diocesano Social tem de ser reforçado, para continuar a oferecer alternativas “palpáveis”.

Os sinais de alerta são mais do que evidentes numa região que, segundo Carlos Oliveira, “apresenta a maior taxa de desemprego a nível nacional, com cerca de 17,5 por cento”.

“A situação vai ser ainda mais agravada, com as alterações às disposições legais que regiam os subsídios de desemprego e que vão ser conhecidas nos próximos meses”, salientou.

Neste momento, a emigração é a única alternativa para várias famílias da região, que procuram novas perspetivas de vida, sobretudo no Brasil e em diversos países do continente africano.

A Cáritas do Algarve tem um centro infantil e algumas famílias cancelaram a inscrição dos seus filhos devido a essa situação, “algo que nunca tinha acontecido”, sublinhou o presidente.

A busca de soluções assentes no “compromisso solidário dos cristãos” levou cerca de uma centena de agentes pastorais a participarem, este sábado, nas XI Jornadas de Ação Sociocaritativa.

Durante a sessão, acolhida pelo Centro Social e Pastoral de Ferragudo, em Faro, ficou claro o “empenhamento” das comunidades paroquiais na luta contra a crise e na busca de alternativas para os mais carenciados.

Neste momento, há pelo menos um grupo de ação sociocaritativa em cada cidade ou vila da diocese”, destacou o presidente da Cáritas algarvia, considerando o facto uma “agradável surpresa”.