Gerry e Kate, que estiveram hoje em Lisboa para uma reunião com os advogados portugueses, pediram que os dados sobre Madeleine devem ser cuidadosamente analisados e que o acesso à informação seja confidencial e sensível, para que também sejam protegidas as testemunhas.

"Há muita informação e muita dela não foi cuidadosamente analisada. Se existisse alguma informação potencial e importante, podíamos dar às pessoas um caminho", disse Kate, acusando a Procuradoria Geral da República de ter entregue documentação a jornais britânicos.

Kate, a mãe, acentuou que a divulgação dos dados "é um sério prejuízo na procura" da filha, até porque pode provocar "falta de confiança nas testemunhas".

"Foram divulgados nomes e detalhes para os media e isso tornou as testemunhas vulneráveis", disse, enquanto Gerry McCann foi mais longe: "O processo chegou a ser muito fechado e não se sabia nada por causa do segredo de justiça. Agora, liberta-se informação".

"É imperativo que as autoridades assumam a responsabilidade pela informação sensível ou confidencial. Nós, os pais, e toda a gente precisamos de garantias de que esta situação não será permitida no futuro", declarou, apelando à sensibilidade e confidencialidade na divulgação de informações.

Gerry afirmou mesmo que foi dado "um passo atrás" na procura de Madeleine e reiterou o desejo de colaboração, considerando "importante que se olhe objetivamente" para as pistas.

"Como pais, podemos estar muito próximos da investigação e pedir para se fazer o que ainda não foi feito", salientou, acrescentando: "Há uma razão forte para que tenhamos de trabalhar com as autoridades e de um modo intenso.O processo está fechado, mas não está concluído".

Os pais de Madeleine McCann, desaparecida de um apartamento de um empreendimento turístico na Praia da Luz, apelaram ainda para que os jornalistas "não espalhem informações" e evitem "os interesses comerciais".

Os jornais britânicos divulgaram a 03 de março uma imagem de videovigilância na Nova Zelândia, com uma menina parecida com Madeleine, parte de um conjunto de pistas que a Polícia Judiciária (PJ) portuguesa nunca terá investigado.

Vários jornais, entre os quais The Sun e Daily Mail, referem que as autoridades portuguesas possuem um arquivo de mais de duas mil páginas com informação recolhida desde o arquivamento da investigação, a julho de 2008.

Entre as alegadas pistas estão testemunhos de avistamentos em Portugal, França e Espanha que, segundo os jornais, não terão sido considerados fiáveis pelas autoridades de investigação.

Madeleine McCann desapareceu a 03 de maio de 2007, poucos dias antes de completar quatro anos, de um apartamento na Praia da Luz, concelho de Lagos, no Algarve, onde passava férias com a família.

Desde então, os pais mantêm uma campanha para tentar encontrar a filha, cuja investigação em Portugal foi encerrada por falta de provas.

Lusa